Capitalismo, crise e a vontade humana

No último final de semana, num boteco tipo lúmpen da Vila Maria vi uma frase de Nelson Rodrigues que dizia algo sobre a capacidade humana de se posicionar. Em outras palavras, “se o homem for incapaz de se posicionar o melhor que se faz é morrer”.

A “fábrica de marxismos” e a “produção artesanal de marxismos”


 


O marxismo desde sua concepção tem sido vítima de tentativas de liquidação por todo o canto do mundo. Movimento este acelerado pela contra-revolução neoliberal imposta ao mundo e ao nosso Brasil na década de 1990. Porém, a grande novidade do momento é o reflorescimento do marxismo em todas as línguas e com espantoso vigor, pelo menos se julgarmos pela expectativa da indústria editorial.


 


 


É bom falar, que além do marxismo clássico, ortodoxo e adjacências, segundo a ótica e a subjetividade que cada um prefira situar o esforço monumental de cunho editorial da República Popular da China em publicar as inéditas e verdadeiras “Obras Completas” de Marx e Engels em 100 volumes a serem consumidos pelos homens de política do Partido Comunista da China a partir de 2015 (1), não podemos deixar de lado a produção de marxismos com propensão a ortodoxia, como o produzido por grupos trotskistas.


 


 


Ah, isso sem falar na produção artesanal de marxismos pelo mundo e o Brasil. Nada de pejorativo, afinal Marx e Engels são bons exemplares de “artesãos de gênio”. Da produção artesanal de marxismos (aliás, com passe franco no Ocidente) surgiram idéias como o de Escravismo Colonial (historiografia recente do Brasil parida na década de 1960) e ultimamente o da superioridade duma agricultura tida como “familiar”.


 


 


Este marxismo artesanal, que se julga nada ter a ver com o planejamento econômico, salvo exasperações de um chamado planejamento “indicativo” que nunca vi “baixar em terreiro nenhum”, nem com a derrota do fascismo pelos exércitos soviético e chinês (de Mao Tsétung). Evidentemente, este marxismo para ter seu passe franco passa por um processo de pagamento de um sagrado dízimo contra Lênin (sua crítica à pequena produção no campo) e evidentemente contra a República Popular da China. Neste último caso (China) a omissão deste fenômeno (em palestras, entrevistas e afins) dirigido por uma superestrutura de poder popular, caracteriza um dízimo muito bem pago aos estagnacionistas de tipo Atílio Borón e outros  cuja formação social católica da América Latina ainda não saiu da essência de seu pensamento (2).


 


 


A conceituação de crise, a curva da decadência e o exemplo da inflação brasileira


 



A chamada crise é um dos quatro estágios que caracterizam o ciclo econômico, a saber: depressão, recuperação, prosperidade e crise. Não existe nenhuma novidade no fato dela ocorrer após um momento de expansão da atividade econômica. Nesse caso a intervenção do chamado “Ebrusco” de queda vertical da atividade econômica, pelo menos no capitalismo ainda não mudar. Até onde as estatísticas têm provado, o que mudou, pelo menos até agora, é a forma do ciclo, que ao longo dos tempos – pela ação do planejamento estatal (conseqüência do conhecimento da natureza dos ciclos) – deixou de representar algo que revelasse uma inoptada revelação de crise de superprodução para algo, dizendo assim, mais suave.


 



Exemplo da mudança da essência do ciclo pode ser encontrada nos serviços prestados pela inflação brasileira entre 1950 e 1980, quando impediu o colapso econômico entre 1960 e 1962. Este serviço caracterizou-se por uma busca frenética por ativos que sem eles o dinheiro em circulação poderia ser varrido pela desvalorização. Assim surge no Brasil tanto o mercado de capital quanto o de terras. Ou melhor, dizendo, o protótipo de um capitalismo financeiro brasileiro, solapado pelas freqüentes políticas de “estabilização” impostas pelo imperialismo ao nosso país sob a palavra de ordem de “combate à inflação”. A emissão monetária naquele período trazia conseqüências entre elas o de estabilização da demanda global. Não é a toa que a política de “combate à inflação” nos anos 1990 (Brasil) redundou num aumento expressivo da miséria do povo.


 



Sobre a natureza do ciclo, pelo menos uma forma de ciclo já fora reconhecido, sendo ele decenal que leva o nome de Juglar-Marx. Outro ciclo de maior alcance seria o que Schumpeter nomeou de “Ciclos de Kondratieff” com duração de 50  60 anos. Particularmente acredito na existência deste ciclo, mas argumentar acerca disso traria a tona uma polêmica que – a meu ver não – está na ordem natural das coisas.


 



Independente da duração ou nomeação do ciclo é correto afirmar que uma série lógica é bem construída, por exemplo: aceleração da metalurgia de base e plantas correlatas; aceleração das indústrias supridoras de equipamentos e de material de construção; aceleração do progresso das indústrias de base que por sua vez se comunica com as indústrias de bens de consumo, notadamente a indústria química e aceleração das indústrias relacionadas aos bens de consumo.


 



Esta ordem serve tanto ao capitalismo quanto ao socialismo. Enfim, ou o plano copiou a vida ou a vida copiou o plano.


 



Tal lógica contínua de desenvolvimento indústria suscita uma série de contradições. A mais importante contradição – e relacionada ao objetivo deste texto – resume-se à indagação a saber, se a economia está criando condições ou não uma formação de capital que permita o desenvolvimento de outra série lógica? Trocando em miúdos:  a partir do momento em que a indústria de bens de equipamento, ligada umbilicalmente às suas próprias necessidades de equipamento para sua expansão, oferece ao resto da economia recursos materiais para uma expansão sem precedentes do investimento, surge um problema que pode ser resumida na seguinte questão: será que a economia está criando condições para a expansão de campos de investimentos propícios para tal formação de capital?


 



A resposta a esta questão está na capacidade de uma determinada formação social tem de gerir uma fusão do capital bancário com o capital industrial. Nos países do centro do sistema o processo ulterior desta fusão encontra eco no fenômeno da financeirização, como forma de financiar sua economia e sua expansão externa, guerras de pilhagens, etc.


 



Daí fica necessário desmontar a tese que advoga a financeirização um fenômeno suposto. Apesar de estar procurando dar um passo adiante, sobre este tipo de afirmação leviana não me ocuparei. Dado o acúmulo de material na minha mesa tenho mais o que fazer.


 


 


Marxismo vulgar?



 


O enunciado exposto pelos nossos estagnacionistas pode ser classificado de marxismo vulgar?  Evidente que sim. Mas antes, como para mim não existe guerra pessoal e sim combate de idéias, peço licença para parabenizá-los por conta da busca frenética de decifrar a realidade do céu. Mas que fique bem claro que qualquer marxista digno desse nome deve estar a serviço – não ao conhecimento da realidade do céu e sim da Terra.


 



Pois bem, partamos para a conceituação do que se convencionou chamar de “marxismo vulgar”. A corrente marxista vulgar nasce após a Segunda Internacional (Bernstein) e sua crítica voraz feita por Lênin e Rosa Luxemburgo desencadeou uma nova fase à elaboração marxista, como por exemplo nos clássicos “O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia” de Lênin e “A Acumulação do Capital” de R. Luxemburgo. Continuando, o marxismo vulgar é aquele que atribui à história da Teoria Marxista um sentido simplista e fatalista, logo pondo um ponto final na dialética e, conseqüentemente, na análise das estruturas partindo de ferramentais metodológicos como o radicalismo (história e formação social) e as múltiplas determinações (as partes que compõem concreto).


 



Para Gramsci (que – até um tempo atrás – para nossos radicais não passava de uma expressão do eurocomunismo), “A história é uma história de contradições e para a compreensão se faz necessário a utilização de método próprio: o método dialético; método este não compreendido pelo vulgar-marxismo. ''Somente a dialética nos permite compreender o que é a realidade, enquanto ela é consciência das contradições sociais em que vivem homens reais e que, em situações concretas, devem ser enfrentadas por homens que têm às suas costas uma tradição específica e não outra qualquer'' (3).


 



Neste sentido é impossível compreender a história através dos métodos simplistas do ''marxismo-vulgar''.


 



Gramsci defende o marxismo como uma filosofia da história, um pensamento aberto, não determinado a priori. ''A filosofia da práxis ­ escreve ele ­ é o historicismo absoluto, a mundialização e terrenalidade absoluta do pensamento, um humanismo absoluto da história”. (4).


 



O tema da dialética continua sendo o tema central para o estudo do marxismo, mas, qual a importância que Gramsci atribui ao conceito de dialética?Para Gramsci a dialética é um novo modo de pensar, ou, uma nova Filosofia. Ele volta às origens da dialética em Hegel/Marx-Engels, compreendendo-a como uma oposição ao formal, à lógica formal clássica: a realidade não é formal, linear; a realidade é contraditória. A dialética é um novo modo de pensar, mais amplo.


 



As múltiplas determinações do processo


 


Ora, retornando a Terra, a falta de visão de processo de nossos radicais, os levam a superestimar, por exemplo, a questão das emissões de dólar, como algo que faz com que a moeda norte-americana não tenha valor algum. Meu Deus do céu !!! Não tem valor nenhum, perguntemos aos povos assolados por guerras de ocupações, cujas famílias vivem o horror da perseguição diária da morte, ou mesmo aos próceres da indústria bélica norte-americana em que “nota” eles sacam seus funcionários sacam seus pagamentos nas suas agências bancárias.


 


Se fossem fiéis às múltiplas determinações do concreto, também, não superestimariam, os déficits comerciais norte-americanos. Pois, muitas das empresas que exportam aos EUA são empresas norte-americanas localizadas no exterior, logo cumprem papel de relevo no combate à inflação nos EUA. Como a democracia americana é algo assentada no poder de consumo de seu povo, evidentemente que um dos elementos que poderiam colocar em xeque sua superestrutura é a queda do consumo de sua classe-média e inflação geralmente é sinônimo de queda de consumo.


 


Mais, para Lênin uma das características do “Capitalismo de Estado” é o papel das empresas de certos países (Alemanha e EUA na mente de Lênin) como pontas-de-lança fora de seu território do modo de vida e dominação de seus países de origem.


 


Ora, meus amigos, será que a ideologia (formação da subjetividade) não é fator a ser considerado neste debate, afinal todas as classes médias do mundo sonham em consumir em dólar, logo a dominação do imperialismo continuará em pé durante mais algum tempo, pois da mesma forma que a idéia da classe dominante é a idéia de toda sociedade (Marx), sem conquistarmos corações e mentes não faremos revolução nem na nossa casa.


 


A moeda é expressão de poder em TODOS OS ASPECTOS (visão de conjunto = método marxista), não somente sob o aspecto financeiro.


 


Mas tudo bem, já que existe uma crise estrutural em andamento, como se explica o fato de milhares de filhos de operários europeus e norte-americanos disporem de economias suficientes para uma viagem anual ao exterior, enquanto um operário brasileiro mal consegue juntar dinheiro para levar sua família à praia no fim do ano (está aí mais uma determinação: a determinação sociológica)?


 


Importante realçar a importância da determinação sociológica, pois para Lênin (em conversa privada com Bukharin) o desafio do economista comunista é relacionar a análise dos elementos macroeconômicos com os fenômenos sociais em curso.


 



Formação social como o método da Filosofia da História


 


 


Vamos falar agora sobre algo central do marxismo, a ponto de Gramsci nomear a dialética como uma nova Filosofia da História (a original vem de Hegel e Marx). Evidentemente estou falando da ciência histórica. De antemão vai uma crítica: os artigos escritos por nossos apologistas da catástrofe, não podem ser classificados de marxistas por um simples aspecto: a não fusão de categorias da ciência econômica com a ciência histórica, redundando em análises mais sérias, enfim: de história econômica. É bom dizer que ao contrário dos liberais para quem a economia é uma ciência exata, em Marx a economia em sua essência é uma ciência social e histórica por excelência.


 


Nessa trilha da análise histórica de um processo em curso (o capitalismo e sua “sonhada” derrocada) é importante identificar qual o método que pode permitir uma melhor historicização do problema. Abrindo parêntese, nunca é demais falar que para Lukács, o cerne a-histórico do pensamento burguês reside na não percepção de que o deciframento de um problema contemporâneo passa necessariamente pela historicização de tal. Assim, a categoria de formação social é o cerne do método para compreender mais precisamente a natureza de determinado aspecto da realidade.


 


Se esta categoria fosse trabalhada, talvez Atílio Borón não cometesse o equívoco de analisar a América Latina como algo uniforme, quando na verdade fatores geográficos (relevo, clima, etc.) por si só determinam diferentes zonas, onde diferentes modos de produção foram estabelecidos. Talvez para nosso “bouleverser de la science”, a economia da Terra do Fogo é semelhante à economia praticada na Bolsa de Valores de Nova Iorque ou pelos Planos Qüinqüenais chineses, quando na verdade a única semelhança existente nessas diferentes zonas do globo reside na existência de homens buscando sua sobrevivência.


 


Retornando, no concreto, podemos diagnosticar que a nação norte-americana é fruto de uma pequena produção mercantil praticada no atual nordeste do país. Pois bem, uma das características deste modo de produção reside no fato – historicamente comprovado – do espírito empreendedor do campesinato submetido ao funcionamento desta forma de se produzir. O empreendedorismo trás como conseqüência uma capacidade de se encontrar soluções para problemas de ordem complexa. Como exemplo, vale ressaltar o fato de a Alemanha, que mesmo sem acesso à fontes primárias de energia, vanguardeou o processo que culminou na chamada 2º Revolução Industrial com a invenção do motor à explosão como resultado do casamento entre os interesses de seu Estado Nacional isolado com a ciência e a tecnologia (ciência e tecnologia que neste momento histórico para Marx transformou-se em força produtiva essencial).


 


Logo, a financeirização como filha da fusão do capital bancário com o capital industrial foi uma forma de solucionar o problema do financiamento da economia americana. Permitindo – inclusive – que com seu mercado de títulos da dívida pública, sua força financeira pode impor à URSS uma imaginária Guerra nas estrelas e hoje viabiliza o empenho de US$ 500 bilhões na Guerra do Iraque numa operação de tipo keynesiana semelhante ao New Deal de Roosevelt e o programa hitleriano de construção de imensas infra-estruturas em energia e transportes o que viabilizou a unificação de mercados regionais na Alemanha na década de 1930.


 


Por fim, cabe mais um exemplo comprovado pela história: nenhum império na história da humanidade ruiu por questões ligadas à déficits financeiros. Exemplo ilustrativo é o Império Romano que apesar de ao longo do tempo ter se transformado em devedor líquido de todos os seus vizinhos, teve na força de seu exército e modo de vida sua maior fonte de manutenção. Sua queda está relacionada diretamente ao esgotamento e decadência de sua base econômica escravista que se tornou incapaz de suprir as crescentes demandas materiais romanas. Outra condição objetiva ligada diretamente a decadência do escravismo romana reside superioridade do feudalismo engendrado nas formações sociais bárbaras (germânicas) muito superior em matéria de produtividade da terra em comparação aos domínios romanos.


 



A “filosofia de brincadeira”


 


Por favor, vamos fazer um esforço mental para superarmos esta perspectiva pseudocientífica que pressupõe que tudo seja uma questão de vontade, que supõe que nossas preferências são a lei do mundo, que este, afinal, é criação nossa, como se fossemos o próprio Deus, e como se o universo não fosse mais que um sonho desse Deus. Tratando as coisas deste jeito só posso qualificar os apologistas da catástrofe do capitalismo (para Lênin o capitalismo não “cai de maduro”) como “filósofos de brincadeira”. Aliás, uma perigosa brincadeira que pode levar o nome de voluntarismo. Marx mesmo nos alertava que a transformação do mundo deve ser feita seguindo suas próprias leis e que conhecê-las é nossa missão primária.


 


O marxismo pode ser convertido num dogma morto, capaz de justificar as coisas mais tolas, ou pode ser um poderoso instrumento de penetração em nossa realidade, habilitando-nos, segundo nossas conveniências, e respeitando os limites que não estão na nossa vontade – mas na própria vida a intervir nessa mesma realidade.


 


Nesta contenda de dimensões históricas, cujo processo histórico coloca o marxismo à condição de maior dos humanismos e cuja vitória de nossa causa socialista depende da descoberta e aplicação deste corpo científico à análise de cada formação social, seja ela complexa ou fundamental, nos leva a perceber algumas coisas que estão além do alcance do generalismo típico do método e ou “naturalismo” liberal e amplamente utilizados por nossos marxistas “radicais” latino-americanos.


 



Um apelo à razão


 


Entre tais “algumas coisas”, fico com a observação de meu amigo, mestre, companheiro e orientador, Armen Mamigonian, para quem a busca da verdade universal passa pelo estudo radical de grandes intelectuais voltados ao cultivo da virtude como Sócrates, Aristóteles, Platão, Confúcio e Lao Tse. Passa principalmente – também – pelo estudo de grandes gênios como – para fins de exemplo – Marx, Engels, Lênin, Ignácio Rangel, Antônio Gramsci e Oskar Lange e intelectuais de menor porte como Emile Zolah, Max Weber, Rosa Luxemburgo e Nikolai Bukharin. Deixo claro, que o cultivo destes autores deve ser iniciado, inclusive, por este que vos escreve.


 


Desta forma teríamos condições de deixar de iludir nossa juventude sem perspectivas com palavras de ordem superficiais. Voltaríamos a frutificar e amplificar opiniões de intelectuais do nível de Sérgio Buarque de Holanda, cuja peregrinação intelectual o levou a advertir os jovens estudiosos acerca de determinados exageros. Entre tais exageros, o de imaginar o Império como tendo sido dominado exclusivamente pelos senhores de escravos, apontando para a importância dos grandes comerciantes ''exp-import'' do Rio e de outras praças.


 


Com tal rigor intelectual diagnosticaríamos que a situação do capitalismo hoje nada mais é um momento de crise, mas que como nos ensina a lógica dos ciclos histórico e econômico, não passa de algo retro-alimentado até porque novos paradigmas tecnológicos estão aí prontos para serem absorvidos.


 


Quando digo acerca do cultivo à virtude e a postura digna de mestres como Azevedo e Carvalho, busco chamar a atenção para o fato de “se do pó viemos para o pó retornaremos”, logo não devemos nos comprazer de uma certa autoridade que se alcança no curso da lutapolítica para destilar veneno. Venenos, entre as quais, chamando de “reformistas” e “revisionistas” figuras da estatura revolucionária de um Deng Xiaoping ou Josip Broz Tito, os admiradores do monumental esforço de reconstrução da nação chinesa.


 


Neste mesmo ritmo não cabem “venenos” àqueles que como eu não acreditam numa crise final do capitalismo no horizonte somente porque insistimos em não compor a plêiade superficial e autoritária do pensamento único de esquerda.


 


O estudo sério e profícuo ajudaria – e muito – a descobrir o por que da complexidade brasileira produzir – simultaneamente – radicais de esquerda reacionários e conservadores progressistas.


 



Notas:


 


(1) O esforço implementado atualmente no sentido de reunir e publicar as “Obras Completas” de Marx e Engels em 100 volumes, nada mais é do que a retomada da tentativa conjunta da URSS e a República Democrática Alemã de publicar este mesmo conjunto de obras. Naquela ocasião, iniciou-se este trabalho em 1980 para terminar em 2000, porém o vendaval contra-revolucionário da década de 1980, pôs por terra também este projeto.


 


(2) Atílio Borón tem seduzido muitos com idéias do tipo, fim do ciclo nacional-desenvolvimentista e afins. Atílio Borón se esquece que o Brasil em 50 anos cumpriu toda uma etapa histórica que a Europa demorou pelo menos 800 anos para cumprir. Por fim quando Borón – e outros – falam pejorativamente de “burguesia nacional”. Aliás, autores como Borón pouco gastam tempo em trabalhar as contradições centro-periferia, logo esquecem-se literalmente da categoria de imperialismo o que na ponta do processo redunda em análises que anulam a centralidade da questão nacional em nome de uma tal solução fora do escopo da materialidade terrena.


 


(3) REALE; G. & ANTISERI, D., História da Filosofia, p. 831.


 


(4) Idem, p. 752.

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