Capitalismo financeirizado, capital fictício e o desafio dos trabalhadores

O capital especulativo avança em uma velocidade nunca antes vista, chama a atenção a dificuldade do proletariado em resistir ao avanço das novas formas de exploração de sua força de trabalho, em especial, inclusive, para se reconhecer como tal.

O chamado processo de uberização, em que o capital fictício faz com que a mais valia gerada seja ainda menos percebida pelo operariado, é um dos exemplo chave dos desafios que os marxistas possuem na guerra contra o capitalismo financeirizado.

Os donos desse capital fictício, são na verdade mais do mesmo, ou seja, os mesmos capitalistas do passado, só que agora sob o manto do mercado financeiro. Assim, essa riqueza monetária que um dia foi investida fisicamente, agora cresce com o aumento da produtividade dos trabalhadores, inclusive em seus momentos de ócio, gerando um verdadeiro lucro fictício, produto do aumento exponencial desse capital fictício em cima, curiosamente, dos ombros reais dos novos trabalhadores, como por exemplo, dos motoristas de aplicativo, gerido por um sistema operacional que eles nem sabem de onde vem.

Por óbvio, uma das maiores consequências desse novo modelo, é o aumento do desemprego, ou seja, do exército de reserva capaz de pressionar ainda mais essas novas relações de trabalho precárias, fazendo com que suas horas de vencimento tenham valor de mercado superbaixas e tenham metas cada vez mais impossíveis de cumprir, aumentando, ainda mais, a jornada de trabalho a níveis similares ao do período da Revolução Industrial!

Como bem-dito na última entrevista de um dos acionistas do Banco Itáu, os representantes desse capital fictício veem com bons olhos o aumento dessa taxa de desemprego, pois isso significa que as metas de inflação podem seguir controladas (por eles mesmos) e suas taxas de lucros aumentem ainda mais, fazendo com que o rentismo e o acúmulo monetário fiquem cada vez mais concentrados em poucas mãos (também deles mesmos).

O grande problema que se apresenta nessa grande, e crescente, massa de desempregados é exatamente as necessidades básicas de sobrevivência. Para conter essa alta gama de miseráveis, os representantes da banca utilizam-se de ferramentas dos mais diversos tipos, como da violência opressora do próprio Estado, as polícias, ou ainda de novas formas de contenção de massa através de ferramentas de alienação, com destaque para a mídia hegemônica e, em especial no caso brasileiro, das igrejas neopentecostais, base de apoio fiel do bolsonarismo.
Bolsonaro, inclusive, representa um modelo econômico já superado, o chamado neocolonialismo, uma visão de capitulação política e financeira do Brasil a outros países do chamado primeiro mundo, com destaque para os EUA. Ou seja, esse processo megaliberizante que hoje rege nossa macroeconomia, terá como fim, apenas e simplesmente transformar um país que já foi uma das maiores potências comerciais do mundo, em mero exportador de matéria prima, algo inimaginável poucos anos atrás.

A desindustrialização já chegou nos maiores patamares da história, o cenário de precarização da mão de obra, como já apontamos, cresce a níveis estratosféricos, com as relações de trabalho, fruto da reforma trabalhista do governo Temer, fazendo um verdadeiro estrago, prova disso foi a diminuição de ações trabalhistas desde o início de sua vigência e a demissão/contratação de trabalhadores apenas para mudar seu vínculo empregatício, desfavorecendo ainda mais quem já estava em situações precarizadas.

Os sindicatos, outrora verdadeiras ferramentas de resistência, com raras exceções, estão em situações financeiras delicadas (também fruto da fatídica reforma trabalhista, entre outras medidas), com dificuldade até mesmo para manter um funcionamento mínimo capaz de defender suas respectivas categorias do avanço dos patrões em cima de seus parcos direitos que ainda restam.

E aí? O que fazer nesse atual estágio de avanço do ultraliberalismo?

Esse será o tema da minha próxima coluna, por hora, cabe refletir sobre os desafios que temos pela frente…

Até a próxima.

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