Cascas pra um caroço

A janela bate enquanto escrevo.
A rua lá fora parece ciente e quieta
do vento inconstante.
Compartilhamos do mesmo condado
e enfrentamos, a rua e eu,
as mordaças do domingo.
Então, seria aliciante levar os olhos
até a vidraça e compreender o mel dos gatos
no outro lado do domingo…
Eles espiam inventivamente em ócio e afinco,
as gotas enviadas pelo toldo para a calçada.
Haverá toldos e gotas, gatos e ócios
de algum modo entrelaçados
em outro poema que não este?
Uma moça sugestão frequentava agora
um quintal pela porta dos fundos…
Há um ponto em que a vida, em pessoa,
acontece em gesto fora da tampa…
As coisas que não descem pelo ralo
ou um garimpo na fruta do dia
tentando um caroço…
Uma especulação de uma culatra pra sair.

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