Central dos Trabalhadores em Natal, prioriza formação

No último dia 3 estive em Natal, a convite da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB – no Rio Grande do Norte, proferindo uma palestra sobre a importância da formação política e sindical na atual conjuntura. Além dos sindicatos já filia

Inicialmente procurei situar aos presentes que o processo de formação se desenvolve numa relação dialética entre teoria e prática. Na medida em que desenvolvemos a prática sindical, faz-se necessário o aprofundamento do estudo da realidade na qual estamos inseridos e, na medida em que aprofundamos o estudo qualificamos mais a nossa intervenção prática. Basta verificar a obra de Lênin. Em pleno período revolucionário, no qual ele desempenhava um papel muito destacado, conseguia ser, na prática, o grande comandante e ao mesmo tempo refletia e escrevia sobre os acontecimentos, a tática e a estratégia a serem adotadas.


 


 


Em seguida, procurei abordar a maneira como ocorre esse processo de formação que é basicamente de duas formas. Por um lado, ocorre nas atividades que a entidade sindical desenvolve, por exemplo numa greve. O trabalhador e a trabalhadora ao participarem da greve, desenvolvem a compreensão de como ocorrem as relações entre o capital e trabalho. Por outro, a formação acontece quando o trabalhador e a trabalhadora estudam, participam de cursos, palestras, seminários, debates, congressos.


 


 


Procurei demonstrar que o movimento sindical sempre teve uma preocupação com o processo de formação. No início do século 20, a força principal do movimento sindical no Brasil eram os anarco-sindicalistas. Eles chegaram a construir uma Universidade que era frequentada pelos trabalhadores e trabalhadoras e na qual procuravam transmitir a sua concepção política e sindical. A partir dos anos 20 até os anos 60, os comunistas tiveram uma presença marcante no sindicalismo brasileiro. Eles desenvolveram o processo de formação entre os trabalhadores com cursos, debates, utilizaram o teatro para divulgar suas idéias e desenvolveram muitas outras atividades. Nos anos 80 e 90, os sociais-democratas, ao exercerem a hegemonia do movimento sindical, também fizeram muitos cursos, debates e outras atividades.


 


 


Disse que hoje, mais do que nunca, a formação se torna algo prioritário.O modelo de governo Lula exige de todos nós maior qualificação para enfrentarmos o debate e avançarmos nas conquistas dos direitos. Não basta dizer que somos contrários ou a favor do governo. Temos que ter conhecimento mais aprofundado sobre vários temas, alguns deles de alta complexidade para podermos nos posicionar. As entidades sindicais, ao contrário do que ocorria no governo FHC e na ditadura militar, são recebidas pelos representantes do Governo para apresentar suas reivindicações e debatê-las. Com a ameaça constante do desemprego, aumenta a dificuldade de se encontrar trabalhadores e trabalhadoras que queiram participar mais ativamente. Reforça-se a necessidade de que as entidades intensifiquem o processo de formar novos quadros que possam dar continuidade à nossa luta. Até porque somos daqueles que querem chegar a uma sociedade de novo tipo em que homens e mulheres possam viver dignamente, com democracia e justiça social. Isso só será viável se novos quadros, sobretudo jovens, forem formados.


 


 


Após a exposição vários dos sindicalistas presentes falaram ressaltando a importância da formação e se comprometendo a intensificá-la em suas respectivas entidades. No outro dia saí da bela cidade de Natal – que visitei pela primeira vez – com a certeza de que a CTB no estado está trilhando o caminho certo ao priorizar a formação, prioridade esta constatada na realização do seu ''Planejamento Estratégico e Situacional''.

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