A Festa militante que Portugal inteiro acompanha

O semanário Avante! dedica seu editorial desta semana à sua festa, recém-encerrada. A festa anual de três dias, destinada a recolher fundos para o jornal do PC Português, realiza-se a cada verão desde

A multidão que acorreu à Quinta da Atalaia assim o quis: a Festa do Avante! foi o que se esperava que fosse e muito mais do que isso.

Eram muitos, muitos mil, e vieram de todo o país e das emigrações. Eram militantes e amigos do Partido; militantes e amigos da JCP; cidadãos apartidários ou membros de outros partidos. Eram operários, empregados, desempregados, trabalhadores precários, reformados, intelectuais, quadros técnicos, estudantes, pequenos e médios empresários. Eram homens, mulheres e jovens – muitos, muitos jovens. Eram crianças – muitas – e eram carrinhos de bebê – muitos – espalhando pelo vasto e belo recinto da Atalaia [nos arredores de Lisboa] uma tranqüila serenidade carregada de futuro.

Era um mar de gente que sente a Festa como sua, que ali se sente entre amigos, e que, por tudo isso, resistiu à chuva – e se ela caía! – na noite de sexta-feira, e confirmou, feliz, nos dois dias seguintes que valeu a pena resistir e que… não há Festa como esta.

Entretanto, o exemplar funcionamento da Festa era assegurado por muitos milhares de camaradas e amigos, voluntários, que tinham pago a sua EP como qualquer outro visitante. E também entre estes, desempenhando as mais diversas tarefas – cozinhas, vendas nos stands, serviço de refeições, apoio aos serviços centrais – se encontravam muitos homens, mulheres e jovens não-militantes comunistas e, em vários casos, membros de outros partidos políticos: tinham estado lado a lado com os comunistas nas lutas nas suas empresas e estavam ali, agora, solidários com os comunistas na construção da sua Festa.

Por tudo isso, os Organismo Executivos do Comitê Central do PCP dirigiram uma calorosa saudação a esta imensa multidão de construtores e visitantes da Festa que com o seu esforço, a sua dedicação, a sua presença, a sua alegria, o seu espírito solidário fizeram da Quinta da Atalaia, durante três dias, o tal espaço com o maior índice de fraternidade por metro quadrado em todo o território nacional.

É sabido que os média dominantes [os portugueses costumam referir-se à mídia no plural] , cumprindo o seu papel de porta-vozes dos interesses do grande capital – portanto, fazendo sempre do PCP o alvo prioritário dos seus ataques – selecionam todos os anos uma muito especial linha de abordagem da Festa do Avante!.

Durante vários anos bateram e bateram na tecla da idade dos visitantes: tudo gente de idade, informavam – e corroboravam a patranha mostrando imagens, criteriosamente selecionadas, de gente de idade.

Entretanto, a percentagem de jovens no conjunto dos visitantes da Festa aumentou de tal forma que essas imagens passaram a ser motivo de troça por parte, precisamente, dos jovens visitantes – e os difusores da patranha, achando contraproducente continuar a alimentá-la, viraram a agulha desinformativa.

Este ano, a grande notícia girou em torno da ideia de que sim, senhor, eram milhares de jovens, mas iam lá para ver os espectáculos, nada se interessando pela política.

E assim informaram, fingindo não ver, por exemplo, a imensa massa juvenil que assistiu ao comício de encerramento da Festa – assistiu e participou, respondendo com aplausos à intervenção do secretário-geral do PCP, particularmente quando este criticava a política do governo e apresentava propostas dos comunistas visando reparar conseqüências dramáticas dessa política.

Se algumas dúvidas houver, nesses média, sobre o que acima é dito, convidamo-los a assistir à exibição do vídeo que temos e que mostra a verdade que eles cuidadosamente esconderam.

É só dizerem – e se aceitarem o convite, sugerimos-lhes que vejam com atenção a imagens do final do comício, em que milhares de jovens, cantam e pulam ao som da Carvalhesa

No comício de encerramento – certamente um dos maiores de sempre ali realizados – Jerónimo de Sousa procedeu a uma desenvolvida análise à situação política nacional e internacional – e, naturalmente, à situação partidária.

Da sua intervenção, emergem, destacados, três aspectos que correspondem a outras tantas linhas de trabalho para o coletivo partidário no futuro imediato.

A primeira tem a ver com três importantes propostas a apresentar pelo PCP através do Grupo Parlamentar: aumento significativo dos salários e pensões, de modo a compensar a perda de poder de compra; redução da mensalidade dos empréstimos para a compra de habitação; congelamento dos preços da eletricidade, da água e do gás.

A segunda diz respeito ao lançamento de uma campanha nacional – É Tempo de Lutar, é Tempo de Mudar – dizendo «Não!» ao código do trabalho e à precariedade e exigindo melhores salários – campanha que terá início hoje mesmo com uma ação na Baixa de Lisboa, em que participa Jerónimo de Sousa.

Sobre esta matéria, a intervenção dos militantes comunistas desenvolver-se-á igualmente na contribuição decisiva que terão que dar à luta organizada pela CGTP [a central sindical portuguesa] e designadamente à preparação da grande jornada de luta marcada para 1º de Outubro.

Finalmente sobre aquela que é, a partir de agora, a tarefa prioritária do coletivo partidário: a realização desse «acontecimento maior que é o 18º Congresso do Partido».

Da Festa, que foi festa de luta, o Partido saiu mais forte para as lutas do futuro e com maior prestígio junto dos portugueses.

Um prestígio que se estende à escala internacional, como o exemplifica a presença de elevado número de camaradas e companheiros de todo o mundo – e aos quais a Festa impressionou vivamente.

E, no domingo à noite, na despedida dos nossos convidados, foi belo ouvir A Internacional cantada num coro de diversos idiomas e com uma enorme confiança no futuro de uma terra sem amos.

Fonte: http://www.avante.pt/