Clemência
O Mundo é feito de confusão, diz o meu amigo alagoano que no momento é Ministro de Estado. Aliás, neste exato momento, deve estar ocorrendo no mundo milhões de conflitos de baixa intensidade que se somam em verdadeiras confusões que teimam em dar razão ao amigo citado.
Publicado 20/01/2015 09:24
Um, entre tantos, recente, chamou a atenção nossa aqui no Brasil. A condenação e posterior execução do traficante confesso Marco Archer Cardoso Moreira, na Indonésia.
A mídia, mas por conta do pedido de clemência feito, mais uma vez, pelo governo brasileiro e desta feita negado. Se fez um “movimento” midiático que quase transforma o criminoso num herói. Isso sem contar as comuns comparações idiotas que pulularam nas redes sociais, desde que o episódio veio a tona.
Argumentos bizarros foram arrolados para mais uma vez enxovalhar a atitude da Presidenta que nada mais fez que utilizar-se de um recurso legal e justo.
Para quem não sabe da história vale a pena contar. O brasileiro, era um traficante, confesso e público. Se envolveu com o crime no inicio dos anos 80, precisamente em 1982. O “ganha pão” dele era levar cocaína para os EUA, maior centro consumidor do mundo. Na verdade era um veterano, uma “Mula” internacional, viajava frequentemente para a Europa, para divulgar seu talento. Não com a “asa delta”, mas com a droga.
Se autodenominava “O David Copperfield ” do tráfico. Ninguém conseguia pega -lo, gabava-se, segundo um “amigo”, entrevistado por um jornal do Rio de Janeiro.
O resto é conhecido. O figura tentou entrar com 13,4 kg de cocaína pura, um volume muito grande, para se levar de uma só vez. Isso dentro de um tubo da Asa Delta, como ele costumava fazer. Desta vez foi pego. Mas aproveitando um vacilo dos policiais fugiu e só foi encontrado semanas depois em Jacarta e ai as coisas ficaram “feias” para ele.
Noticiado em todas as TVs do país, foi caçado, como inimigo público N° 1 e sua prisão foi transformada num evento. Em 2004 o Governo brasileiro fez um acordo com o então Presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, segundo o qual ele não seria solto, mas também não seria fuzilado.
Mas para o azar do Marco, assumiu a Presidência do País em 2014 o candidato Joko Widodo, que curiosamente fez sua campanha com a bandeira de intransigência com o crime do tráfico. E o acordo informal foi desfeito.
Assim a execução foi consumada e a Presidenta convocou o embaixador do Brasil de Jacarta num movimento público de repúdio a tal atitude.
Tudo bem que o mundo é feito de confusão. Mas pra quê se meter em todas e com todas.