Contra a Santa Máfia, é Lula de novo!
Lula ganhou o debate, pois derreteu o gelo da militância que não conseguia burilar argumentos contra a candidatura dos ricos!
Publicado 16/10/2006 16:24
Não há vencedores no debate dos presidenciáveis na Band e Alckmin não destruiu o mito do torneiro mecânico que se tornou presidente. É o que atestam alguns cientistas políticos. Socorro Braga (Ufscar), surpresa com a “postura agressiva de Alckmin”, avalia que não houve debate, mas “combate”.
Para Lúcio Rennó (UnB): “Alckmin até tentou criticar o mito em torno de Lula, falando em corrupção, mas considero impossível de desconstruir esse mito por causa dos ganhos e resultados que têm influência decisiva na vida das pessoas. Alckmin teria de se vender como alguém tão ou mais preocupado com políticas sociais”.
Socorro Braga arremata: “Mas Lula tem algo além, como sua história de vida”. É o seu capital político, capaz de mobilizar corações e mentes, que o diferencia de Alckmin e seu projeto neoliberal-teocrático.
É o que diz Antônio Mendes de Araújo: “Lula soube falar aos corações de todas as pessoas que querem um Brasil para todo o povo. Mexeu fundo. Lula é uma fixação para quem quer um Brasil cidadão. Lembra da música ’Fixação’? Foi isso que o debate despertou em nós. E vamos responder à altura porque não pode um filho do povo, que pela primeira vez chega ao Palácio do Planalto, ficar jogado nesta arena cheia de cobras”.
Lula ganhou o debate, pois derreteu o gelo da militância que não conseguia burilar argumentos contra a candidatura dos ricos! No debate, Lula deu um recado direto, à la Barão de Itararé, a quem hibernava: “Só o rio não volta atrás, mas morre afogado no mar”.
Lula é dotado do dom e do poder de personificar a paixão pelo povo. São qualidades marcantes e intransferíveis e que batem pesado, forte e fundo em quem tem na luta pela cidadania uma paixão. Voto também é uma questão de paixão. Senti o mesmo que Araújo descreveu tão bem.
Sem falar que “Fixação” é uma das mais belas declarações de paixão em língua portuguesa.
Pensei no que disse José Florêncio Filho, o Duda, 68, um dos primos mais próximos de Lula, folheando um álbum de fotos da época em que morou com Lula: “Quero deixar isso para os tataranetos, porque em mil anos não vai sair mais matuto daqui pra ser presidente”.
Para Carlos Heitor Cony, Alckmin foi beneficiado. “Lula é um animal político mais do que conhecido, amado ou desprezado por uma legião de eleitores, e Alckmin é uma voz ainda desconhecida para grande parte do eleitorado; e os indecisos conhecem Lula de sobra e, se continuam indecisos, é porque não pretendem votar nele. Alckmin é um ser que não se mostra e reverencia um ensinamento do padre Josemaría Escrivá: “Acostume-se a dizer não”.
O camaleão Alckmin é testa- de-ferro da burguesia local atrelada ao ideário do capital financeiro, das transnacionais e de Bush; e sua candidatura foi tramada nos bastidores do que há de mais reacionário e vinculado a práticas fascistas no Vaticano: a seita Opus Dei, criada na Espanha (1928) por Escrivá e elevada à prelazia pessoal do papa por João Paulo II. Para Altamiro Borges, “Alckmin de inocente não tem nada. Conhece bem a história nefasta da Opus Dei” e usa disfarce civil para cumprir a missão divina de conquistar o poder político para ela. Há um ano, feministas escrevem sobre o tema.
Os partidos ignoraram e só na reta final das eleições acordaram para a gravidade da metamorfose Alckmin como presidente do Brasil.
Católicos íntegros e críticos chamam a seita de “Santa Máfia”, numa alusão a que a fortuna dela também é oriunda de “negócios ilícitos”. Contra a Santa Máfia e por um Brasil democrático e laico: é Lula de novo!