CPMF: Campos definidos
Recentemente demonstrei, neste mesmo espaço, que todo dinheiro é de origem pública, produzido pelo povo. A parcela que é apropriada através de impostos se transforma em “recursos públicos”. A parte que é apropriada pela “mais valia” e pelo lucro do empres
Publicado 15/01/2008 09:33
Mas, como é no fogo do combate que se conhece a têmpera e a verdadeira conduta de cada combatente, a “batalha do CPMF” tem nos possibilitado um grande ensinamento acerca da conduta das distintas forças políticas.
A direita, no legítimo papel de se opor ao governo de centro-esquerda liderado por Lula, se unificou e retirou 40 bilhões de reais do orçamento da União.
O governo reagiu elevando a taxação sobre operações financeiras e o lucro dos banqueiros, além de anunciar um corte de 20 bilhões nas despesas (salários, educação, saúde, etc.).
A solução apresentada pelo governo para recuperar essa brutal perda de receitas não reflete, necessariamente, consenso entre sua base aliada. E nem poderia ser diferente, graças ao caráter heterogêneo do governo Lula.
Cortar despesas essenciais de investimentos em saúde, educação, segurança e recuperação do poder aquisitivo dos servidores é um equívoco. Além de penalizar quem não merece qualquer retaliação, atende a pauta da direita que defende o sucateamento do serviço público e uma concentração de renda ainda maior.
Ainda bem que agora o governo começa a sinalizar com a redução do superávit primário, que nada mais é do que a reserva técnica que o governo utiliza para honrar compromissos financeiros. Insisto, é preciso cortar nesse item e também reduzir a taxa de juros nominais, a segunda maior do mundo.
Mas, sem surpresa, a direita exige que o governo corte ainda mais despesas sociais e de investimentos e nenhum centavo dos banqueiros. Já recorreram ao STF visando proteger os seus banqueiros. Os campos vão ficando bem definidos, ainda bem, pois possibilita que cada um saiba perfeitamente em que terreno esse debate está se processando.