Cruzamento de vaca com jumento

Cruzamento de vaca com jumento é aquele que resulta num híbrido incapaz de dar leite e tampouco puxar carroça. Esse é mais um dito popular (bem lembrado pelo nosso deputado estadual, Carlin Moura) que ajuda a ilustrar o monstrengo parido do matrimônio ent

Bom mesmo é ser filha legítima da classe operária, irmã consangüínea dos movimentos sociais, herdeira de um projeto popular que leva o DNA de milhares de lutadores e lutadoras que deram o melhor de si nos últimos quinze anos para construir uma nova BH.


 


 


 


O mega-empresário e candidato a prefeito Márcio Lacerda é um desconhecido do belorizontino em geral e incógnito dos movimentos sociais que se sentem traídos pelo rompimento unilateral de um frutífero casamento entre as forças progressistas que durava anos e gerou muitos rebentos.


 


 


 


Conhecida mesmo é a batalhadora Jô Moraes. Essa aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas embora a direita, em polvorosa, já contar com milhões de recursos para tentar tirar essa boa vantagem da comunista.


 


 


Será a luta de Davi e Golias. Vai ser resistência da Belo Horizonte progressista contra o cerco invasor de uma tropa disposta a arriar a formosa bandeira democrática e popular alçada por muitos braços e mantida tremulante por muito tempo. Trata-se da defesa, palmo a palmo, de um terreno conquistado pela classe operária que não será cedido sem uma boa luta política, evidenciando as discrepâncias entre o projeto popular versus o elitista, que muitos querem fantasiosamente escamotear.


 


 


O povo de Belo Horizonte, com o seu jeito desconfiado de ser, já está matutando e aos poucos vai se posicionando sabiamente. A mesma sabedoria popular que, ao lado das ciências sociais mais avançadas, ajuda diferenciar projetos e rechaçar falsos consensos.


 


 


Márcio Lacerda se afasta da secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio para tentar chegar à prefeitura de BH com o surrado discurso da civilidade que supõe unir aquilo que por natureza de classe é imiscível.


 


 


A “ampla” base de coalizão em torno de Márcio Lacerda é a cara do pai Aécio e tem o jeito do padrinho Pimentel. Tal como o comportamento da grande mídia mineira que unida se comporta como torcida organizada de um governador que a patrocina, essa “aliança” vai se mostrando ser um ornitorrinco e o povo percebe que de fato o bicho é muito esquisito. Os mesmos meios de comunicação que fustigaram o governo Lula no episódio do mensalão agora parecem adotar outra linha editorial e só fazem elogios a Eduardo Azeredo, pai do valerioduto, após o senador manifestar sua entusiasta adesão à campanha de Lacerda. Deve ser a tal civilidade, ainda que ela não apareça quando se trata de alianças de cunho nacionalista e progressista.


 


 


Certamente um PT forte, coeso e unido em torno de um programa político progressista é uma reivindicação de toda a esquerda. A quem interessa uma diluição dos antagonismos programáticos entre PT e PSDB? Uma verdadeira aliança só pode ser construída por forças convergentes a um propósito. Qual o propósito para BH dessa aliança entre tucanos e petistas? Nada contra alianças com amplos setores representativos da sociedade, mas desde que manifestem objetivos comuns. Qual o interesse comum de se forjar uma aliança entre direita e esquerda?


 


 


As últimas eleições majoritárias em Belo Horizonte constituíram-se em um aprendizado histórico e valioso patrimônio de toda a esquerda que ajudou a eleger prefeitos da envergadura de Patrus Ananias e Célio de Castro. A eleição de Jô Moraes significa a seqüência dessa história.


 


 


A combativa militância do PT de Belo Horizonte saberá se reposicionar frente ao golpe recebido e será muito bem-vinda ao esforço coletivo de avançarmos nas conquistas arduamente alcançadas nesse período histórico em que a esquerda deu nova cara a nossa jovem cidade de 111 anos de idade. Saberemos mostrar ao senhor Aécio que nosso querido Curral D´El Rey tem outra história e diferente significado do que agora pensa imputar-lhe.

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