Culto à personalidade

O termo que dá título ao artigo que passo a escrever é, hoje em dia, pouco usado nos meios políticos e na esquerda em especial. O termo que dá título ao artigo que passo a escrever é, hoje em dia, pouco usado nos meios políticos e na esquerda em especial. O termo que dá título ao artigo que passo a escrever é, hoje em dia, pouco usado nos meios políticos e na esquerda em especial.

Mas o que é “culto à personalidade”? Oculto à personalidade é uma estratégia de propaganda política baseada na exaltação das virtudes – reais e/ou supostas – do governante, dirigente, parlamentar ou membro de executivo, bem como da divulgação positivista de sua figura.

Cultos de personalidades são frequentemente encontrados, segundo os “direitosos”, em regimes totalitários. Contudo a atitude é predominante, enquanto política de estado também, principalmente, nas chamadas “democracias”.

O termo culto à personalidade foi utilizado pela primeira vez por Nikita Krushovno “Discurso Secreto” para supostamente denunciar “crimes” de Josef Stalin. Talvez, até por isso, este tema tenha sido pouco tratado pela esquerda séria e negligenciado por partidos de esquerdas consequentes.

Na verdade o termo foi, também, utilizado, não exatamente desta forma, por Karl Marx, em uma carta “culto do individuo” em que compara o fenômeno a “apoteose”.

Nós sabemos que “apoteose” consiste em elevar alguém ao estatuto de divindade, ou seja, endeusar ou deificar uma pessoa devido a alguma circunstância excepcional. No mundo antigo esta circunstância era geralmente considerada para os heróis. Por extensão, utiliza-se o termo apoteose quando se atribui exageradamente a alguém honrarias ou qualidades. No teatro, a apoteose corresponde ao ponto final de uma cena que decorre de maneira espetacular.

Pois bem, será que hoje nós nos deparamos com acontecimentos similares? Será que na nossa prática cotidiana não vivenciamos isso?

Imagino que as gerações mais recentes, ou seja, aquelas que começaram a militar na década de 90 (século passado) sequer tenham familiaridade com o termo.

Contudo, vivemos num período em que ocorrem eleições a cada dois anos. Ano sim, ano não, temos um processo eleitoral que não prioriza e nem busca, fortalecer os partidos. O indivíduo é que aparece, com seu rosto, seu currículo e seu numero. O partido, o coletivo, pouco ou não aparece.

O sistema eleitoral brasileiro é baseado num espécie de “culto à personalidade”. E isso terminou por contaminar a conduta interna dos partidos (mesmo os sérios), na medida em que estes passam a priorizar, quando não absolutizar, bastante a participação eleitoral.

Os quadros que atuam nos parlamentos, nos executivos, passam a gozar de privilégios que tendem a tornar cada vez mais as instituições partidárias dependentes da popularidade destes. Na maioria das vezes essa popularidade é resultado do trabalho dedicado e abnegado de militantes anônimos que sequer entendem o seu próprio papel nos processos. Neste ambiente se consolida certa prática “cultista”. Os parlamentares (e membros de executivos) têm mais tempo para falar nas reuniões, não obedece à lista de inscrições e por vezes as suas simples presenças nos eventos já são suficientes para serem exaustivamente saudados e elogiados. Tem presença garantida nas mesas, nos cartazes e nos programas televisivos e peças publicitárias de modo que cria-se um circulo vicioso.

Tornar lideres em “celebridades” mesmo que internamente, mesmo que diante de um circulo reduzido, ou mesmo em um perfil de rede social, é a forma hoje mais usual de se praticar culto a personalidade. Isso enfraquece as legendas e as instituições partidárias e as tornam reféns de lideranças que nem sempre estão comprometidas com seus programas e objetivos estratégicos.

O coletivo militante se desmotiva na medida em que tem consciência do problema e assim cria-se um contingente de filiados adeptos das celebridades e seguidores com base na fé ou na ascensão ou busca de.

Num momento de dificuldades como o que nós vivemos cria-se um ambiente propicia para este tipo de atitude. Às vezes a defesa de uma liderança importante, por exemplo, confunde-se com uma exaltação exagerada e até “invenções” de qualidades que a pessoa sequer detém. Criam-se, mitos e divindades, com palavras elogiosas e até fantasiosas tendo como instrumento a Net e suas redes sociais. Acredito que tenhamos antídoto. Adquirir consciência é o primeiro passo. Mas tal consciência não advirá dos que são produto e parte disso. A atitude precisa ser enfrentar isso (prática do culto a personalidade) de forma consequente, sem exageros e sem desesperos. Um processo pedagógico, paciente e persistente que difunda entre nós que o coletivo é superior ao indivíduo. Que o fato de um indivíduo ser laureado com uma posição, do ponto de vista midiático, de destaque, não significa que ele é melhor individualmente do que outro. Os homens passam as instituições e os Partidos ficam, por mais que o cultuado ache que ele é o principio e o fim, a história e a vida mostraram e mostram que não é assim.

Para não dizer que não falei das Flores

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