Dados, informação e conhecimento

Na era da informação e conhecimento, a transformação tecnológica redefine sociedade e educação, destacando a importância da construção individual do saber

Ilustração: cseabra/midjourney

Num mundo em permanente transformação, o impacto das modernas tecnologias de comunicação produziu o que se chama hoje de “Sociedade da Informação e do Conhecimento” – gerando novos impactos nos modos de produção, mexendo na cultura e nos costumes, alterando aspectos es­senciais no exercício do próprio poder.

Hoje, praticamente qualquer ponto do planeta está literalmente ligado à rede mundial de informações, através da inter­net. O impacto dessa nova estrada, por onde não mais circulam átomos, mas sim bits, afeta cada vez mais todas as áreas da civilização: da guerra e do crime até a cultura e o comércio. A educação não pode ser, como o foi nos demais avanços tecnológicos havidos até hoje, a “última a saber” e parece que isso, desta feita, não ocorrerá – mesmo porque a internet nasceu neste berço e seu uso na educação já possui inúmeras experiências bem (e mal) sucedidas.

Com as rápidas transformações nos meios e nos modos de produção, re­sultado da revolução tecnológica e científica, estamos entrando em uma nova era da humanidade. A natureza do trabalho e a relação econômica entre as pes­soas e as nações está a sofrer enormes transforma­ções, mudando muitos aspectos do que hoje podemos entender por profis­são.

“Emergência: A Vida Integrada de Formigas, Cérebros, Cidades e Softwares” é um livro escrito por Steven Johnson, publicado em 2001, que explora a ideia de que sistemas complexos e ordenados podem surgir de interações simples e descentralizadas entre indivíduos ou elementos. O autor analisa várias áreas, desde a formação de colônias de formigas até o funcionamento do cérebro humano e o desenvolvimento de cidades e softwares, explorando como esses sistemas emergentes surgem sem uma autoridade central controladora, mas sim através da interação e adaptação contínuas de elementos individuais. Em sistemas complexos, como formigueiros ou mercados econômicos, a inteligência coletiva e as soluções emergem da colaboração e da ação individual de cada componente do sistema, e vários comportamentos individuais podem resultar em padrões e ordens surpreendentes quando considerados em conjunto.

Frequentemente as pessoas falam em “passar conhecimento” através de recursos de comunicação tecnológica, e por isso é fundamental fazer uma importante distinção entre dados, informação e conhecimento, pois cada qual tem características específicas e exige estratégias pedagógicas e comunicacionais diferentes.

Se dissermos a alguém que “x é igual a trinta e cinco” isso não é informação, é apenas um dado. Mas se dissermos que isso é o valor de uma feijoada no boteco da esquina, aí passa a ser informação. Mas mesmo que você descreva essa feijoada com uma riqueza de detalhes, falando do sabor do feijão, do tempero das carnes, da couve fresquinha, a informação será enormemente complementada mas jamais haverá conhecimento da feijoada. Isso só ocorre quando você a come, quando a degusta ao vivo e lhe sente o sabor.

Assim, quando queremos comunicar algo a estudantes ou leitores, é fundamental ter a noção de que, se desejamos que ocorra aprendizagem, é fundamental usar metodologias que permitam a construção do conhecimento pelos indivíduos. Isso é muito perceptível em sala de aula, mas é uma competência básica que necessita ser entendida e aplicada nas ações políticas para que haja a formação de quadros militantes e para que os setores a organizar desenvolvam consciência e pensamento crítico.

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