Entre falácias e desafios

Cabe, sim, recriar alternativas de luta e de organização — entretanto, sob a bandeira da unidade a mais ampla possível.

Muito se tem falado e escrito a propósito de formas de luta e de organização no tempo presente. 

O mote é o evidente desencontro entre as alternativas de ação e modos de organização e a nova realidade dos que vivem do trabalho.

Há até quem assevere (sic) que as lutas gerais devem dar lugar aos movimentos setoriais em torno de bandeiras específicas.

Mais: partidos políticos já não teriam mais função a cumprir — seja na defesa do status quo, seja na pugna transformadora. 

Negam-se os partidos, sem sequer distinguir os efêmeros e circunstanciais dos programáticos e longevos (como o centenário PCdoB, política e teoricamente definido e renovado).

Em síntese, esses novos profetas do moderno apocalipse sugerem que para enfrentar o inimigo poderoso, aquartelado com instrumentos de luta os mais sofisticados e decidido a preservar privilégios, a humanidade teria agora diante de si a possibilidade de uma experiência “inovadora”: a dispersão como forma de organização e de luta.

Nada mais precário.

No ambiente revolucionário embandeirado da causa socialista, desde a passagem do século 19 ao século 20 e em meio a surtos transformadores vitoriosos desde então, se tem como certo que a cada conjuntura surgem novas formas de luta e de organização, outras tantas comprovadas na prática permanecem e o movimento se renova e se torna mais eficaz.

A multiplicidade de tendências políticas e ideológicas e de opções combativas convergindo na mesma direção, de modo a erigir força suficiente para vencer.

Na atual conjuntura em que os movimentos populares e progressistas no mundo e no Brasil enfrentam estágio de defensiva estratégica e tática, e, portanto, a contingência de prolongado período de acumulação de forças visando a uma contraofensiva futura, cabe, sim, recriar alternativas de luta e de organização — entretanto, sob a bandeira da unidade a mais ampla possível.

Isto considerando as novas condições em que as mercadorias são produzidas, a produção é dirigida e os trabalhadores ocupam seus postos de modo algo dispersivo e se informam e formam a sua consciência mediante comunicação digital tão rápida quanto superficial e distorcida.

O mergulho nessa realidade é indispensável, sem abrir mão de concepções teóricas e práticas mil vezes comprovadamente eficientes, mas com a mente aberta ao novo que brota da realidade concreta vivida pelos trabalhadores e pelo povo em geral.

É nesse ambiente que devem prosperar a resistência e a esperança.

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