Fonte de poder inexplorada
Quem não tem competência não se estabelece, costuma dizer nosso povo, sugerindo que para alcançar determinado objetivo é preciso ter força.
Publicado 12/04/2007 19:55
Isso vale para os governos. Há decisões que devem ser tomadas, porém as condições para tanto não amadureceram ainda. Adiante, sim, torna-se possível fazer o que se quer.
Onde buscar condições políticas para tomar grandes decisões? O presidente Lula tem ido às fontes certas – mas explora pouco, ou quase nada, um fator que pode ser decisivo: sua base social popular.
É certo que o presidente se reelegeu com uma plataforma avançada e obteve uma votação consagradora. Além disso, durante a campanha e após a vitória, conquistou ampla e diversificada base política, que lhe confere apoio parlamentar de onze legendas.
Mas é certo também que ainda enfrenta dificuldades para implementar suas intenções prioritárias – como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que ao lado do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) concretiza os compromissos assumidos em campanha. Isto apesar da maioria parlamentar aparentemente sólida de que dispõe.
Demais, mais cedo ou mais tarde o governo terá que encarar o impasse entre fazer o país crescer distribuindo renda e fortalecendo o trabalho versus constrangimentos macroeconômicos. Para acelerar a queda das taxas de juros, desonerar a produção, alongar o perfil da dívida pública interna e ampliar significativamente os investimentos públicos diretos – iniciativas indispensáveis logo ali adiante -, ao presidente Lula caberá ter ousadia.
Terá que ousar enfrentando principalmente interesses do setor rentista, privilegiando a produção e o emprego. É aí que a base social popular pode entrar em cena. Desde que o governo, e os partidos que o apóiam, saibam mobilizá-la.
A pesquisa CNT-Sensus, recém-publicada, indica a magnitude dessa base. Confortável saldo de “bom” e “ótimo” verificado entre homens e mulheres, de todas as regiões, faixas etárias e de instrução formal; e resistências localizadas entre os que ganham acima de 10 salários mínimos, aonde “ruim” e “péssimo”, juntos, chegam 22,7%.
Acresce que o governo alcança elevados índices de aprovação nas camadas mais jovens da população: entre os de 16 e 17 anos “bom” e “ótimo” somam 53,2% ; entre os de 18 a 24 anos, 49,6%.
Verdadeira fonte de poder ainda inexplorada.