Geni, a universidade e o novo Zepelim

 A sociedade mais uma vez se depara diante do espelho, olha pra si mesma e se pergunta: quem somos, em qual tempo estamos, e assim, pra onde vamos?

Estes espelhos respondem por Maria Madalena, Joana D’Ark, Geni e agora a estudante de mini-saia. Cada qual ao seu tempo e espaço ganhou notoriedade em função da situação a qual confrontaram.

Todos os dias as mulheres sofrem milhares talvez milhões de situações de assédio sexual, humilhação e achincalhamento seja de maneira pública ou individual. Observem quando elas passam em frente aos bares lotados de homens, nas praças, calçadas, nos transportes coletivos, no local de trabalho, e nem por isso estes fatos ganham notoriedade.

Então por que este ganhou tamanha proporção? Por se tratar de jovens manifestando o mais puro conservadorismo? 
Creio que não, é mais do que evidente que os jovens estão mais suscetíveis às reações conservadoras na sociedade atual, em sua grande maioria são contra a descriminalização do aborto, a favor da redução da idade penal, os jovens heteros são contra a união civil de pessoas do mesmo sexo, contra a adoção de filhos por casais homossexuais e por aí vai…

A pouca roupa da moça?
Também não. As roupas estão cada vez mais curtas e o apelo ao consumo quebra o receio das mulheres.

Então seria o local? 
Por ter ocorrido na universidade, o ambiente do pensamento e evolução do ser. Talvez este tenha sido o fato que causou espanto para alguns. Ver aquele monte de estudantes universitários em histeria coletiva. Alguém ascendeu à faísca e o que era vontade de alguns em falar ou fazer se juntou à vontade de muitos.

Não me causa espanto o fato de ter ocorrido numa universidade, não que eu esteja conformado ou alheio a tudo isto, muito pelo contrário. A universidade nada mais é do que um extrato desta sociedade, arcaica, retrograda conservadora, machista, individualista, personalista, mesquinha, liquidacionista, sensacionalista, criminalizante… Deixe-me parar por aqui, se não daqui a pouco não sobra nada.

A verdade é que a notoriedade e a proporção do fato devem-se às câmeras de celulares, a internet e os milhões de acesso no youtube. O novo Zepelim. Não estou dando argumentos pra quem deseja controlar a internet. Ainda bem que ela existe e é assim, incontrolável. Sim, ainda bem, porque ainda tinha gente acreditando na cegonha da universidade que por si só traz a iluminação. A universidade que alguns julgavam ser um espelho límpido na verdade estava embaçado e acabou de quebrar.

Mas esta aí uma dica interessante pras mulheres que sofrem assédio sexual nos locais de trabalho, estudo, clubes esportivos, transporte coletivo ou qualquer que seja o lugar, coloquem o Zepelin da tecnologia a seu favor e o utilizem pra denunciar.

O transcorrer desta epístola…
Não me causará estranhamento se os promotores da moda cooptarem a moça da Unibam pra revistas masculinas, nem estranharei se a grande mídia leva-la pras passarelas. Desta feita, a Unibam se valerá deste argumento pra dizer que tudo foi premeditado da parte dela para tentar se livrar de possíveis processos. Consequentemente a estudante de mini-saia dará sua volta triunfal se tornando musa dos estudantes pra uns e a Geni da universidade pra outros, e toda esta história ganhará feições de simples enredo.

E isto é que me deixa neste momento mais indignado.

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