Intolerância Religiosa

Neste final de semana, estudantes de todo o Brasil realizaram o Enem – Exame Nacional do Ensino Médio. Assim como tem acontecido nos últimos anos, a prova tornou-se discussão pública ao abordar questões importantes para a sociedade, como feminismo e crise de refugiados. Mas a redação ganha atenção especial e o tema principal deste ano foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.

Em 2016, o planeta parou mais de uma vez para acompanhar os efeitos do extremismo religioso, testemunhando ataques de fanáticos mundo afora. Após tantas tragédias, discutir as questões de fé é fundamental e o Enem acertou ao lembrar dos problemas que crescem em nosso próprio quintal.

O Brasil apresenta crimes graves de intolerância religiosa, principalmente contra as religiões de matriz africana. Segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos do Governo Federal, elas são vítimas de um terço das denúncias recebidas. Em junho do ano passado, uma garota de 11 anos foi apedrejada após sair de um culto de candomblé, no Rio de Janeiro, e um terreiro de candomblé foi vandalizado na zona leste de São Paulo. E, no caso das religiões africanas, muitas vezes o discurso de ódio se mistura ao preconceito e ao racismo.

Pensando em enfrentar esses problemas, em 2007, foi instituído o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, comemorado todo 21 de janeiro. A data faz referência ao falecimento da Iyalorixá Mãe Gilda, que faleceu vítima de infarto após sofrer ataques cruéis na Bahia. Na Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, criamos o Fórum Permanente de Liberdade de Crença e Cultura de Paz, integrado por representantes de diferentes crenças, como católicos, evangélicos, judeus, religiões de matriz africana e até ateus.

Esperamos que os jovens brasileiros, ao dissertarem sobre este tema no último domingo, tenham entendido que tolerância é respeito, é harmonia na diferença e o apreço da riqueza das diversidades culturais e da condição humana.

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