Kalil, o bufão das alterosas
Devido ao seu linguajar pouco rebuscado (muitas vezes chulo) e à sua notória falta de educação, é bem provável que Alexandre Kalil desconheça o significado do adjetivo ora empregado a ele. Bufão vem do italiano buffone e, em linhas gerais, significa alguém que pensa ser maior e mais importante do que é.
Publicado 30/08/2011 18:44
Se fizer uma autocrítica, o presidente do Clube Atlético Mineiro verá que, para ele, definição melhor não existe. Kalil é daquelas pessoas que insistem em provar que estão certas, mesmo depois de mortas. Exemplos disso não faltam. Em 2010, o Galo passou grande parte do Campeonato Brasileiro na zona do rebaixamento, não caiu por pouco. Mesmo assim, o mandatário alvinegro ainda teve coragem de fazer piada com o rival Cruzeiro, que não foi campeão nacional por apenas dois pontos. Fez chacota quando deveria se envergonhar pelo papel ridículo do Atlético naquela competição. Mas para o torcedor isso não interessa. Bacana é ver seu presidente fazendo piadinha inoportuna com os adversários, pouco importa ter o time com seguidas campanhas pífias.
Recentemente, mesmo com o Atlético repetindo o papelão do ano passado, Kalil não se emendou e, em uma entrevista, disse se sentir orgulhoso por ocupar o cargo que, nas suas palavras, é o segundo mais importante do Estado, ficando atrás apenas do governador. O atleticano se esbalda ao ouvir isso, muitos chegam a chamar o presidente de rei, quando na corte alvinegra o papel mais apropriado para ele deveria ser o de bobo, aquele personagem que diverte a todos com suas fanfarronices.
O dirigente tem uma postura contrária ao que se espera do ocupante de um cargo tão relevante. Quando o clube não está em crise, fato raro sob seu comando, ele procura alguém a quem importunar. Vive açulando dirigentes, jogadores adversários e demais personagens do meio futebolístico contra o Atlético. Por essas e outras, a paz parece ser algo distante do universo da Cidade do Galo. Se os resultados em campo não colocam a instituição em inferno astral, o presidente trata de fazê-lo.
Sua postura em entrevistas coletivas é algo que beira o absurdo. Ofender jornalistas é corriqueiro. Basta alguém fazer uma pergunta que fuja ao padrão corporativista da maior parte da mídia mineira para que Alexandre Kalil acione seu arsenal de grosserias. Desligar o telefone na cara de profissionais que o procuram para passar ao torcedor notícias sobre o time é normal. Somente os repórteres que o chamam de amigo não passam por esse constrangimento quando abordam o “rei”.
Ele que trate de trabalhar e mude seu pensamento de ir ao CT só para se divertir, como disse certa vez. Kalil, que é conhecido como o presidente da camisa rosa, poderá ser lembrado também como mais um a jogar o Galo na segunda divisão. O Atlético merece dirigentes à altura de sua história. Mas será que a torcida pensa assim, ou os comandantes alvinegros são apenas um reflexo do que a própria Massa espera para o clube?
Escreveu Roberto Drummond que “se houver uma camisa preta e branca pendurada num varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”. Mas até quando vamos ficar só torcendo, assistindo passivos uma tempestade devastar o “mais querido de Minas”?