Líbia em chamas: quem será o próximo?

Os gritos estridentes são de crianças dilaceradas pelas bombas que caem do céu de onde, antes, caiam as pipas abatidas pelas inofensivas disputas juvenis; as lágrimas que inundam os sulcos do rosto, tal qual a água que percorre uma terra bem arada, pertencem ao ancião que observa inerte e impotente a sua simples casa destruída; o choro desesperado é de uma mãe que não sabe qual filho escolher para tentar proteger com seu próprio frágil corpo diante da chuva de bombas que caem intermitentes sob uma cidade arrasada por longos e recorrentes dias de bombardeios.

A cidade é Trípoli, mas ontem foi a Bósnia, Bagdá ou qualquer outra praça que eventualmente não tenha aceitado os caprichos do império, especialmente americano, ou que tenha tido a sorte (ou infortúnio) de possuir petróleo em seu subsolo.

Os chamados meios de comunicação já nem mais disfarçam. Apóiam ostensivamente o massacre em nome do combate aos “ditadores” e de uma hipotética “democracia ocidental”, como se qualquer valor, por mais justo e nobre que fosse – o que não é absolutamente o caso – pudesse ser imposto a outro povo como um valor universal.

O mundo ocidental tem seus valores, os quais são imperfeitos para alguns, perfeitos para outros, justos ou injustos de acordo com a classe que o analisa. Corresponde ao grau de organização social até aqui desenvolvido e a correlação de forças até então estabelecida. Nesse espaço não temos a pretensão de discuti-los.

De igual forma o mundo oriental tem seus valores, os quais padecem dos mesmos defeitos e qualidades de seus congêneres ocidentais e cuja arquitetura moral foi igualmente construída ao longo dos tempos com base nos valores morais e políticos das distintas sociedades que habitam. Muitos desses “ditadores” foram impostos e ainda são mantidos pelo império americano ou seus correlatos europeus. De igual forma não temos a pretensão de discuti-los nesse modesto espaço.

Aqui, tão somente, pretendemos fazer um alerta, mesmo correndo o risco de parecer ingênuo, pois não creio que alguém com um mínimo de imparcialidade nutra alguma ilusão quanto aos reais propósitos dos que atualmente bombardeiam a Líbia. São mercenários, legiões de assassinos americanos e europeus que, em nome da ONU, matam crianças, destroem casas de anciãos e dilaceram famílias ao redor do mundo. Não se movem por qualquer propósito nobre. São bandoleiros, piratas contemporâneos que se dedicam a pilhar as riquezas naturais de nações soberanas. Deveriam ser denunciados como o que efetivamente são: INVASORES! Mas, ao contrário, são apresentados por escribas de aluguel como “libertadores”, numa completa inversão de valores.

Os problemas de qualquer natureza de um país devem ser resolvidos pelo seu povo sem interferência de outros países, ate porque quem não luta por sua liberdade ou pelos seus direitos não está a altura de merece-los.

Depois da Líbia quem será o próximo?

Não há como, nesse momento, não recordar do celebre poema de Berthold Brecht que dizia: … primeiro eles levaram os comunistas, depois os sindicalistas, depois os estudantes, depois os religiosos, como eu não reagi quando eles vieram me pegar eu não tinha sequer de quem pedir socorro.

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