Mais pedagogia, menos militarismo e mercado

“A escola do nosso tempo ainda carrega as correntes do passado e anda de mãos dadas com o neoliberalismo.”

Imagem: Divulgação/Colégio Vila Militar

A escola é um espaço de contradição. Os resquícios da escola tradicional e tecnicista ainda estão presentes em discursos e práticas reducionistas e conservadoras, colocando como primário, regras de comportamentos que oprimem e silenciam o espaço da criticidade.  A ideia de disciplina ainda é focada na acepção militarista de organização que se contrapõe às concepções pedagógicas se propõem a apropriação contextualizada e crítica do conhecimento.

A escola é um espaço de confluência e conflitos de diversas concepções pedagógicas, alinhadas à manutenção do atual sistema político-econômico-social e também as que defendem uma outra perspectiva de sociedade. Entretanto, predominantemente as concepções pedagógicas que reproduzem política-ideologicamente as ideias das elites econômicas tem assento confortável no ambiente escolar.

A função social da escola, enquanto espaço de formação omnilateral, de apropriação do conhecimento historicamente produzido pela humanidade, de forma contextualizada, crítica e dialética, é algo não primário no modus operandi da hegemonia do sistema escolar contemporâneo.

Ainda é presente na escola preocupações que deveriam ser desconstruídas e combatidas, como: proibição de determinadas roupas, bonés e de elementos de identitários, ou, a falsa ideia de exclusão do estudante da sala de aula como instrumento educativo. Em nome da disciplina promovem a exclusão de quem já é excluído. A disciplina que deve interessar a escola é a que combate a opressão e o conservadorismo e que amplia o reposicionamento do olhar e da visão social do mundo.

A onda de crescimento das escolas cívico-militares e a sua aceitação no âmbito da sociedade reflete a concepção equivocada da função social da escola. A ideia de escola como espaço de ajuste de comportamento, a ideia do disciplinamento opressivo e punitivo. O conflito do comportamento versus apropriação do conhecimento é o grande dilema.

A escola do nosso tempo ainda carrega as correntes do passado e anda de mãos dadas com o neoliberalismo. A corrida pela escola modelo dos bem comportados é  a mesma que pelas estruturas de gestão da educação apresentam a disputa nas avaliações externas (produtividade), a maquiagem dos resultados, a competição entre escolas, a redução de conteúdo críticos, o incremento do empreendedorismo e das receitas de prosperidade afetiva e financeira (vivemos o tempo dos coachs). A escola cada vez mais adoece professores e alunos, o sistema cada vez adoece a esperança do nosso povo.

A escola se distancia das universidades e se aproxima do mercado. Embrutece   relação teoria e prática e os modelos de educação  fabricados pela visão do mercado ganham  mentes e  corações dos sistemas de educação.

A disciplina que nos interessa para ampliar o horizonte da classe trabalhadora está longe da escola. A concepção militarista está mais presente no ambiente escolar do que a pedagogia.

Outra escola ainda é possível. É no ambiente de contradição escolar que devemos constituir a nova escola, como parte da luta pela construção de uma nova sociedade.  

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