Manágua e Washington

A vitória de Daniel Ortega, comandante da revolução Sandinista que derrubou do poder o sanguinário ditador Somoza, significa o retorno, pelo voto popular, do campo nacional, popular e democrático e a derrota dos EUA que tinham abertamente um candidato, um

As primeiras declarações do Departamento de Estado norte-americano, após o triunfo de Ortega, revelam hostilidade para com o novo mandatário do povo nicaragüense, incluindo ameaças de boicote comercial.


 


 


 
A arrogância típica dos que se consideram senhores do mundo. A vitória e libertação da nação de Sandino, em 1979, contra um regime sanguinário, foi aclamada em todos os continentes, menos nos EUA.


 



Em 1984, com o apoio unânime de toda a Assembléia Legislativa, foi aprovada uma indicação minha, convidando o então Embaixador desse país, ex-reitor da universidade da Nicarágua, para uma palestra em Alagoas. Na realidade foi mais um ato de solidariedade à luta do povo da Nicarágua.


 



Compareceram maciçamente setores da sociedade civil, e organizações políticas, algumas clandestinas, em uma ditadura cambaleante.


 



Depois do ato, ofereceram um almoço ao Embaixador, com a presença de personalidades, entre elas o Procurador da Assembléia, Mendes de Barros, políticos, líderes estudantis como Ênio Lins, Aldo Rebelo, jornalistas, como o colunista José Elias etc.


 



Recebi um convite oficial para visitar a Nicarágua, para assistir à abertura da Assembléia Constituinte. Com a presença de personalidades de todos os continentes e várias linhas ideológicas, a exemplo do escritor peruano Mario Vargas Llosa. Sentia-se no ar uma sensação de júbilo.


 


 
Surgiram os mercenários, financiados pelos Estados Unidos, com a presença de “conselheiros militares” do exército americano. A Nicarágua sucumbiu à devastação e a um banho de sangue. Deu a volta por cima.


 


 
A História é cheia de surpresas. Retorna, após 16 anos, o líder Ortega. Bush e os republicanos, sofrem uma derrota eleitoral histórica para os democratas, como não se via há 12 anos.


 



Os americanos condenaram o intervencionismo no Iraque, em outros países. Condenaram o muro da vergonha erguido na fronteira com o México. Isolado da nação, Bush demite, em desespero, Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa, operador da insanidade institucional de uma época trágica. É a derrota do ódio sem limites.

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