Mandacaru

A Pachamama também se esgota, mas os cactus de mandacarus, resistentes, permanecem vivos. Assim como os povoados quilombolas, as aldeias indígenas e os trabalhadores organizados

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Os índios diziam que essa terra era das plantas de mandacaru, mas vieram os exploradores em busca do ouro e da prata e a história da América Latina mudou.

Desde então, a miséria, a cobiça e as explosões causadas pela ganância dos opressores transformaram a realidade latino-americana.

Hoje, ao contrário de outros tempos, já não se consegue extrair da Mãe Terra essas riquezas facilmente. O cheiro de pólvora dos tiros de dinamite é cada vez mais forte.

A Pachamama também se esgota, mas os cactus de mandacarus, resistentes, permanecem vivos. Assim como os povoados quilombolas, as aldeias indígenas e os trabalhadores organizados.

No seu livro “As Veias Abertas da América Latina”, publicado há 50 anos, o escritor Eduardo Galeano escreveu: “Recuperar os bens que sempre foram usurpados, equivale a recuperar o destino”.

No Chile, país marcado por profunda desigualdade social, assim como no restante da Latinoamérica, um projeto de iniciativa popular pretende renacionalizar o cobre e outros bens públicos estratégicos entregues às transnacionais durante o governo de Augusto Pinochet (1973-1990).

São vários interesses políticos e econômicos contrários a essa medida. A tarefa não será fácil. Em todo caso, a proposta conseguiu ultrapassar as assinaturas necessárias para que seja aceita na Comissão de Meio Ambiente.

No Brasil, os crimes da Vale continuam impunes. “Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos. Na alquimia colonial e neo-colonial o ouro se transforma em sucata e os alimentos se convertem em veneno”, constatou Eduardo Galeano.

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