Marcante amostra da crise global

O alerta sobre a estagnação econômica do Reino Unido aponta para a urgência de investimentos produtivos como chave para reconstrução nacional.

Imagem: AdobeStock

Quando do meu primeiro mandato de deputado estadual em Pernambuco, nos anos 80 do século passado, dialoguei muito com trabalhadores rurais pertencentes às Comunidades Eclesiais de Base, das quais recebera apoio na campanha.

Pude recolher verdadeiras pérolas do modo de raciocinar do homem simples do campo, condicionado a ter os pés no chão pela dura realidade.

“Quer uma amostra?”, diziam alguns ao defender argumentos próprios sobre determinado problema.

Pois “uma amostra” das dificuldades e impasses do sistema capitalista global nos dias que correm é possível recolher da coluna de Martin Wolf — do Financial Times, reproduzida na Folha de S. Paulo — acerca da estagnação econômica do Reino Unido, uma das quatro principais economias da União Europeia, ao lado da Alemanha França e Itália.

O articulista cita dados colhidos de volume publicado pela Resolution Fundation, “Ending stagnation” (Acabando com a estagnação) para demonstrar o beco quase sem saída em que estão metidos os britânicos.

Um deles é muito expressivo: entre 1993 e 2007 a produção por hora no Reino Unido havia aumentado 33%, enquanto entre 2007 e 2021 cresceu apenas 7%.

“O dinamismo econômico do Reino Unido evaporou”, vaticina.

Um subproduto, o agravamento das desigualdades sociais que parece não ter retorno.

A solução, o qualificado articulista deixa no ar, sem resposta. Um modo de confirmar o impasse do sistema, que embora exiba uma variedade de alterações no modo de acumulação do capital, no afã da sobrevivência, nem resolve a queda sistêmica e paulatina da taxa média de lucro, nem a crescente exclusão do trabalho humano.

Vale de alerta para os brasileiros e brasileiras ora empenhados na reconstrução nacional, que só se viabiliza com a retomada de expressivos investimentos públicos e privados em atividades produtivas.

Pois na terra de Martin Wolf um dos pilares do fracasso é exatamente o baixo investimento em capital fixo, premido por “exigências fiscais de curtíssimo prazo”.

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