Mais de 83% dos reajustes salariais de dezembro ficaram acima da inflação 

Dados do Dieese mostram, ainda, que não foi detectado reajuste abaixo do INPC até o momento e que, em 2023, reposições com ganho real representaram 77% das negociações

(Foto: Agência de Notícias da Indústria)

De um universo de 48 reajustes salariais registrados até 11 de janeiro, com data-base em dezembro, 83,3% tiveram ganhos acima da inflação, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na análise de todo o ano de 2023, 77% dos resultados registrados alcançaram ganhos acima do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usado como referência para o levantamento. 

O dado é positivo e mostra um incremento na renda de parte dos trabalhadores brasileiros, em consonância com a melhora que o cenário econômico vem mostrando desde o ano passado. No período mais recente analisado, os demais 16,7% que não chegaram a obter ganhos acima da inflação tiveram, ao menos, a recomposição das perdas passadas e, segundo o Dieese, não houve, até o momento, reajustes abaixo do INPC. Já no ano de 2023, os que ficaram nessa situação representaram 17,3%. 

Imagem: Dieese

Entre dezembro e janeiro, o setor econômico que registrou o melhor desempenho no que diz respeito à conquista dos ganhos acima da inflação pelos trabalhadores foi a indústria, com 82,2% dos reajustes, seguida pelo de serviços, 79%, e comércio, com 56,4% dos casos. Em relação aos reajustes salariais abaixo do INPC, indústria e comércio apresentam percentuais parecidos (cerca de 5% cada), enquanto nos serviços, o valor foi ligeiramente maior (6,7%). Até o momento, não houve registro de reajustes parcelados em dezembro.

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Nesse período, a variação real média dos reajustes é, até o momento, de 1,52% acima do INPC. “O dado representa uma inflexão diante do observado nas quatro datas-bases anteriores”, diz o Dieese. No entanto, o departamento salienta que o percentual pode mudar, uma vez que o registro das reposições ainda é considerado baixo no mês de dezembro.

Ainda segundo o Dieese, “o reajuste necessário – equivalente à inflação de 12 meses, apurada pelo INPC – segue em queda, chegando a 3,71% para as negociações com data-base em janeiro de 2024. Esse fator, assim como o aumento do salário mínimo, pode influenciar positivamente as negociações dessa data-base”. 

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De acordo com a pesquisa, considerando o recorte regional, o percentual de resultados acima da inflação varia entre 70,9%, no Nordeste, e 81,2%, no Sudeste. Já os reajustes abaixo do INPC ficam entre 1,6%, no Sul, e 10,7%, no Norte. 

De janeiro a dezembro de 2023, o valor médio (a soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados) dentre mais de 19,5 mil pisos salariais analisados foi de R$ 1.651,57. Já o mediano (valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados) ficou em R$ 1.547,00. 

(PL)

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