Marina, uma filha da classe

“Do rio que tudo arrasta se diz violento, mas nada se diz das margens quem o comprime”. Com esta frase poética de Brecht quero chamar a atenção para a necessidade de nós, socialistas nos comportarmos com respeito, solidariedade e prudência diante do momento que passa a Senadora Marina Silva, o Partido dos Trabalhadores e a conjuntura acirrada que o movimento classista atravessa no Brasil durante o mês de agosto.

A Senadora recebeu um convite como toda liderança política é passiva de receber! Se ela abriu a reflexão, significa também que mesmo tendo agenda aberta para a questão ambiental, o Governo Lula a realiza com muitas contradições que merecem avaliações. Tal questão para Marina é desvinculada da eleição, com tempo de televisão, ou se cresce ou diminui enquanto mandato político. Seus propósitos são sinceros e honestos.

A Senadora Marina surgiu e é protagonista da bela história de vitórias dos movimentos sociais organizados pelos trabalhadores que culminou com a vitória de um operário do ABC paulista à Presidência da República. Mas não falamos aqui apenas de identidade de causa operária em seu ambiente fabril. Marina e Lula possuem a mesma identidade de origem também quando falamos dos nordestinos e a mesma saga de luta pela sobrevivência pessoal e pela construção de um movimento de organização dos trabalhadores, nas duas últimas décadas, contra a classe dominante desse País, a burguesia, seja ela industrial, agrária, comercial, agro-exportadora ou financeira-especulativa.

A Senadora Marina, não só pertence à classe operária, ao movimento dos trabalhadores pela origem de nascimento – filha de seringueiros – como também pela opção de lado, de consciência social que circunda toda a sua trajetória política.

Como militante de esquerda assumiu na mais alta radicalidade (aqui entendida no sentido marxista como raiz das coisas, das causas assumidas) a luta ambiental, dando a esse tema a dimensão mental e social que ele precisa ter para se tornar a causa de todos os homens do planeta. Um movimento como este possui a principal essência de quem é socialista que é o humanismo na sua plenitude.

Não podemos confundir nossa visão na luta contra o capital. Se escolhemos parte da burguesia para uma aliança não esqueçamos ser esta de caráter pontual. Não há em nenhum dos partidos membros da aliança de esquerda que deu ao Presidente Lula as duas vitórias eleitorais, consensos sobre a agenda ambiental.

Mas de uma coisa todos sabemos, muitas empresas de grande porte resistem em adequar-se às regulações de Estado porque “tempo é dinheiro!”. Outras não estão preocupadas com o impacto ambiental que causam com grandes obras, nem com recursos naturais, nem com as questões sociais das pequenas cidades que recebem um contingente de pessoas estranhas que a prostitui e depois vai embora.

Há os que pensam que os recursos naturais são infinitos, que jamais vão se acabar. Há os que pensam que a civilização e desenvolvimento a ser perseguido é o do velho mundo em todo seu esplendor eurocêntrico. Há ainda os que pensam que é ora de acabar com que resta das comunidades indígenas. Enfim! Há para todos os gostos. E por isso não há consenso. No Acre, terra da florestania, da defesa do desenvolvimento sustentável, da utilização da floresta com preservação, não há consenso sobre diversas questões!

Tratar estes assuntos merece mais observação, tolerância e menos arroubo! O Brasil é gigante também nas diferenças e visões regionais. Mas, Marina Silva vem atuando no sentido de dar a este tema um lugar muito além do plano econômico e por tanto muito além dos âmbitos regionais. Marina é patrimônio mundial e a causa nobre abraçada por ela pertence a todos nós.
A sua história é inteira a história do Partido dos Trabalhadores, por isso devemos hipotecar solidariedade neste momento de reflexão, à senadora Marina Silva, ao Lula, ao PT e todos os seus dirigentes e filiados, em especial aos que são do Acre que estão apreensivos com todo o processo divergente que culminou com a entrega do Ministério do Meio Ambiente e com este mais novo fato. Também a cautela e prudência são imprescindíveis nesta hora. Não se deve desprezar os conteúdos pessoais ou julgar antecipadamente, pois assim como Luiz Inácio Lula da Silva, Marina Silva, em sua consciência social, também é filha da classe operária.

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