Meritocracia
Ao ouvir o discurso de posse da Presidenta Dilma, no dia 1º de janeiro, em Brasília, um companheiro ao meu lado, reagiu ao que ele classificou como escorregão. Na verdade uma referência ao termo “meritocracia” utilizado apenas duas vezes pela empossada.
Publicado 24/08/2015 10:29
Argumentei que a contextualização estava, ao meu ver adequada. Contudo ele se indignou mais ainda e vaticinou que tal termo era da oposição tucana e que o adversário teria usado a exaustão, por isso identificado como “deles”. Retórica a parte. Outro dia na rede social li do mesmo companheiro o resgate do tema.
Mas vamos lá. O que vem a ser a tal da “meritocracia”?
Segundo o dicionário o termo define: “predomínio numa sociedade, organização, grupo, ocupação, etc. Daqueles que têm mais méritos (Os mais trabalhadores, os mais dedicados, os mais dotados intelectualmente) para determinada função”
Meritocracia, vem do latim “meritum”, mérito e do sufixo grego antigo “Kpatia” “cracía”.
É um sistema de gestão que considera o mérito como aptidão”
Portanto é um termo do ponto de vista linguístico adequado e se refere no geral a indicação de pessoas para assumir funções públicas ou privadas de acordo com a sua capacitação política, intelectual e técnica. É justo portanto que não ideologizemos o termo, pois tem um sentido positivo a sua constatação.
Entretanto tem sido muito comum no Brasil, principalmente depois da ascensão de parte da população com os programas de transferência de renda do governo, algumas pessoas recorrerem ao conceito de “meritocracia”, como um “contraponto” ao suposto não merecimento. Essa ideia é, normalmente, utilizada para criticar as medidas sociais usando a justificativa de que todos têm as mesmas oportunidades e que o mérito verdadeiro – o sucesso profissional, por exemplo – depende única e exclusivamente do esforço individual.
Nada mais falso. E neste caso deve ser rechaçado com veemência. Primeiro porque na sociedade capitalista, seja aqui ou em qualquer lugar do mundo, as oportunidades jamais serão verdadeiramente iguais para todos. Raramente o esforço individual é o único fator que permite o sucesso.
Mas voltando ao que considero justo do termo utilizado pela Presidenta Dilma. Na verdade quem alterou tal conceito foram as elites que por anos geriram o nosso país. Desde então o mérito, passou a ser considerado mais e bem mais por conta da capacidade do apadrinhado conquistar votos e apoios para futuros pleitos do que por conta de sua qualificação para cumprir tal ou qual função.
E isso se perpetuou até os dias atuais e infelizmente a esquerda aqui e acolá comete o mesmo equívoco. As eleições ocorrendo a cada dois anos exigem ou exigiam até ontem uma condição econômica fundamental a vitória e a arregimentação de cabos eleitorais com prestigio ficou muito caro. Aí a compensação passou a ocupação de cargos e funções que por vezes o indicado não tem a mínima condição de exercer. Mas a liderança eleita para os cargos legislativos e mesmo executivos, nem sempre pode prescindir do apoio daquele cabo eleitoral e aí é “obrigado” a arrumar uma colocação.
Isso, infelizmente, faz parte da prática política vigente e as vezes, alguns até extrapolam essa explicação e fazem dos espaços públicos e privados, local para indicar amigos, parentes e etc.
Por essa razão a definição e a inclusão deste termo no discurso de posse da Presidenta e espero na prática do governo Federal é positiva para o país, para a política e para a esquerda.
Ao companheiro minhas desculpas.