Murdoch X Journal: “É o capitalismo, idiota!”

Finalmente consumou-se a compra do grupo Dow Jones, proprietário do Wall Street Journal, pelo magnata da mídia Rupert Murdoch. A oferta de mais de US$ 5 bilhões dobrou a espinha da família Bancroft, controladora da Dow Jones. Vários editoriais lo

Como disse o marqueteiro do ex-presidente Bill Clinton, James Carville, a respeito da eleição para a presidência dos EUA em 1992, quando descobriu que o mau desempenho da economia teria peso fundamental no processo eleitoral – “é a economia, idiota!” – poderíamos dizer agora parafraseando Carville, “é o capitalismo, idiota!”, a respeito da vitória conquistada por Murdoch ao se tornar dono do maior império de mídia hoje no mundo. São 175 jornais espalhados em vários continentes, sendo os mais importantes o The Times e o tablóide The Sun, na Inglaterra e o New York Post e agora o Wall Street Journal, nos Estados Unidos.


 


Os planos de Murdoch não são modestos. Em outubro deverá lançar um canal de notícias econômicas – o Fox Business Network – que tentará rivalizar com a Bloomberg e a CNBC, da NBC Universal. Claro que com a compra do Journal, como é chamado o Wall Street Journal nos meios econômicos, o sistema de comunicação de Murdoch ganha credibilidade e conteúdo para enfentar a concorrência. Além disso, o magnata prepara seu ataque ao próprio New York Times.


 


No processo de convencimento da família Bancroft entrou em cena um recurso que já havia sido utilizado por Murdoch quando comprou a jóia da coroa britânica, o The Times. Naquela ocasião, Murdoch prometeu constituir uma comissão para tentar impedir interferências “indevidas” do conglomerado News Corp na linha editorial do jornal. Toda essa mise en cène foi por água à baixo quando Murdoch resolveu despedir o principal editor do The Times, Harold Evans, que resistiu ao ataque do magnata à orientação editorial do jornal inglês. A mesma atitude foi tomada agora para a compra do WSJ. Foi formada uma comissão de cinco membros que vai “supervisionar” a independência editorial das operações de notícias da Dow Jones.


 


A questão é que o processo de monopolização do capital é inexorável no capitalismo. E os ícones do jornalismo capitalista hoje, O Wall Street Journal, de Murdoch e companhia, e o Financial Times, do grupo inglês Pearson, continuarão terçando armas em matéria de noticiário econômico, na disputa sem tréguas pela hegemonia da influência sobre a economia mundial. Enquanto isso Murdoch vai fortalecendo seu sistema mundial de comunicação que somente no ano de 2006 faturou US$ 4,2 bilhões com a divisão de jornais, US$ 1,1 bilhão com a de revistas, US$ 1,3 bilhão com a editora de livros Harper Collins, US$ 6,7 bilhões com a divisão de cinema, a 20th Century Fox, US$ 1,7 bilhão com as operações de internet, US$ 5,4 bilhões com a rede Fox de Televisão, US$ 3,6 bilhões com TV a cabo e US$ 2,8 bilhões com TV por satélite, a DirecTV e a BSkyB.

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