Não votarei no Nuno Mendes
Nelson triunfo é candidato, Nuno Mendes é candidato, Aliado G é candidato, e eu não votarei em nenhum deles.
Publicado 22/08/2008 13:18
O proibidão está em alta. O rap, shows, bons programas, encontro no bar, quermesse, graffite… Tá tudo proibidão. Temos um prefeito proibidão que torna São Paulo a cidade proibida.
A música que a mulecada tem ouvido pra desestressar, não poderia ser outra… Funk proibidão. Que ironia!
Mas a eleição vem aí… ouvi outro dia na sul o Brown dizer: “Eu não quero que essa prefeitura ganhe. Não quero que o PSDB ganhe. Porque eles não gostam dos racionais e eu não gosto deles.”
“Gostarmos de nós, lutarmos por nós. Acreditarmos mais em nós, independente do que os outros façam” Racionais Mc´s
Então demorou da gente ter nossos próprios candidatos. Colocar o lema dos Black Panters em prática 4P – Poder Para o Povo Preto ou se preferir (Pobre, Periférico, Proletariado, Prostituido) …
Afinal diferente dos tempos da ditadura militar, quando a MPB era subversiva. Hoje vivemos numa democracia, subversivo é o rap, mas temos uma maior abertura, podemos propor, criticar, votar, declarar voto…, certo!? Errado.
Porque será, quanto mais os boys perdem espaço político, mais as eleições ficam proibidonas?
Não pode boca de urna, não pode showmício, não pode o orkut, não pode outdoor… até este texto é capaz de ser proibido. Então cuidado você pode ser preso por estar consumindo este artigo.
Só não me assusto mais por criminalizarem as eleições, pelo costume por fazer parte de uma cultura criminalizada.
Outro dia fui para a porta do estádio do Pacaembu, na entrada do jogo do Coringão. Tem que ter coragem para sem uniforme panfletar na frente do estádio.
Um gardinha, pronto para bater em torcedor passou por mim me medindo. Ganhei tudo, mas num tô nem vendo. Com fones nos ouvidos, bom rap batendo, entregando panfleto… Abaixei o volume para entender.
– O que você esta entregando?
Falou o policial armado, só depois da chegada de outros dois policiais.
Eu entreguei um panfleto de campanha do Nuno Mendes para ele e continuei entregando para os torcedores que não paravam de chegar.
– É político?
Perguntou o policial querendo intimidar, mas caquetando seu QI, bastava ler.
Olhou o panfleto. Olhou pra mim. Eles se olharam, meio sem saber o que fazer, um falou:
– Num podi.
E eu tava ninja na panfletagem.
Outro mais educado falou:
– Você é surdo? Ta falando que num podi.
– Porque não pode?
Eu perguntei no mesmo tom putbull.
– Porque não podi.
Falou com a autoridade de quem não tem costume de responder perguntas.
– Aqui não é um lugar público?
– Tem que ser mais pra frente.
– Mais pra frente quanto? Aqui não é público? Não é a praça Charles Miller? Se não pode, como se faz campanha se tudo é proibido?
Fazer uma pergunta para esses caras já é muita petulância. Querer que respondessem a rajada de questionamentos seria demais.
Continuei na mesma ação, agora observado por quatro policiais. Passando radinho pra cima e pra baixo. QSL!?
Numa reunião que fizemos com os manos da Zona Sul, o Du Rap falou que nunca votou na vida. Em todas as eleições esteve atrás das grades. Estas eleições será a primeira que Du Rap viverá em liberdade. Ainda não poderá votar. Mas tem se dedicado a pedir para a rapaziada fazer o que ele não pode… No dia 5 de outubro digitar 65105 para eleger Nuno Mendes vereador em São Paulo.
Outros, sem dinheiro, pularam catraca para poder panfletar na entrada de escolas em outras quebradas. Tenho pedido voto para o mano porque saber como é não ter vereador um representante do hip-hop na câmara de vereadores eu já sei, é osso! Como é ter um representante nosso, quero descobrir, e só tem uma forma.
Ainda assim, não votarei no Nuno Mendes. Porque voto em Carapicuíba. Votarei no Osni, um dos 30 candidatos da Nação Hip-Hop em todo o Brasil, como Aliado G candidato a prefeito em Hortolândia. Ou o Nelson Triunfo candidato a vereador em Diadema.
Espero ter um amanhã onde a oportunidade na periferia não seja proibida. E você porque não vota no mano?