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Bahia: estupro gera protestos por segurança na UFBA

Estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) fizeram uma grande manifestação, nesta quarta-feira (20), para protestar contra a falta de segurança nos campus. A mobilização começou após o estupro de uma aluna de 21 anos, no campus de Ondina, em Salva

Os protestos começaram ontem, logo após a notícia da violência sexual sofrida pela aluna da Faculdade de Dança se espalhar pela comunidade acadêmica. Após a ocupação da  reitoria da UFBA, no Canela, os estudantes saíram em passeata no Campo Grande e na Avenida Sete de Setembro, no Centro de Salvador. Mais de 300 manifestantes, com cartazes, faixas e apitos,  acompanharam um carro de som, deixando o tráfego congestionado em toda a região. Eles gritavam palavras de ordem, pedindo por segurança nos campi da universidade e protestando contra a violência sofrida pela colega. 


 


A mobilização se repetiu na manhã desta quarta-feira, quando os estudantes decidiram em assembléia reivindicar a implementação do plano de segurança na instituição,  que apesar de ter sido aprovado no ano 2000, nunca saiu do papel. Esse plano prevê a iluminação no campus, medidas de infra-estrutura que resolvam o problema de insegurança na UFBA, com preservação da Mata Atlântica. A comunidade estudantil reivindica também a criação de uma guarda universitária e não aceita a proposta do reitor Naomar Almeida de contar com a Polícia Militar (PM) para fazer a ronda na universidade. “A PM é historicamente uma força de repressão do estado, principalmente contra o movimento estudantil. Precisamos buscar outras formas de garantir a segurança, como a guarda universitária”, declarou Vladimir Meira, vice- presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) na Bahia.


 


As propostas foram levadas para a  reunião do Conselho Universitário (Consuni) da UFBA, que aprovou a formação de uma comissão executiva para criar um plano de segurança para a instituição. Essa comissão será  formada por professores, reitoria, funcionários e estudantes, com objetivo de  discutir a  melhor forma de estabelecer este plano. Os estudantes fazem nova assembléia nesta quinta-feira, (21), às 8 horas, para discutir o resultado do Consuni.



 


Violência contra a mulher


 


O estupro da estudante no campus da UFBA é parte de uma triste estatística da violência contra a mulher em Salvador. Dados da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), indicam que em 2007 foram registradas 8.875 ocorrências policiais de crimes contra a mulher, como ameaças, lesões corporais e estupros. Até abril deste ano já foram registrados 2.901 ocorrências.


 


Ainda segundo a Deam, de 2000 até março de 2008, foram registrados  434 casos de estupros, 18.997 lesões corporais, com apenas 696 inquéritos instaurados e 84 prisões em flagrante, na capital. “Precisamos levar em conta ainda o grande número de mulheres que não denunciam o crime, por medo ou vergonha. A mobilização que os estudantes da UFBA fizeram é uma forma de colocar a questão em discussão. Não podemos mais aceitar este tipo de violação dos direitos da mulher. O que aconteceu, com a estudante de dança, poderia ter sido evitado, com uma segurança mais efetiva”, afirmou Daniele Costa, estudante universitária e da União Brasileira de Mulheres.


 


De Salvador,


Eliane Costa, com agências