Notícias de Cuba

 A recente medida do governo de Cuba, eliminando a autorização para os cubanos saírem do país, é bem mais que mera desburacratização alfandegária. É, em verdade, um novo passo no processo de inserção da ilha no mundo dito globalizado, iniciado com maior intensidade há perto de uma década.

Não altera, entretanto, as relações com alguns países, em especial os Estados Unidos, que ainda fazem restrições ao regime cubano, embora sem muita eficácia. Os EUA continuam negando visto para seus cidadãos viajarem a Cuba, o que não impede que a maioria dos turistas estrangeiros que desembarcam em solo cubano diariamente seja estado-unidense.

A decisão de Havana libera a saída de cubanos para qualquer parte do mundo, por um período de dois anos. Vencido esse prazo, as pessoas procurarão suas representações diplomáticas mundo afora para notificar eventual prolongamento da ausência. É, na prática, uma maneira de dizer “estou vivo e continuo cubano”.

A medida, que entrará em vigor no início do ano que vem, restringe a saída de profissionais de algumas categorias (cientistas e atletas, por exemplo), para as quais continuará existindo a exigência de visto. De todo jeito, para a esmagadora maioria da população a nova postura se enquadra entre as mais liberais do mundo.

Cuba prossegue, ao mesmo tempo, em sua estratégia de manutenção da essência do socialismo, mas com algumas pitadas de capitalismo. Já vêm de anos a permissão da pequena propriedade privada em todos os ramos da economia, com ênfase no comércio e em serviços, como o de taxis, dos quais os motoristas podem ser priprietários.

Algumas parceria ajudam a fazer com que a ilha tenha, hoje, uma atividade turística moderna, eficiente e altamente lucrativa. Uma vasta rede de hotéis vem sendo disponibilizada ao visitante em parceria com grandes cadeias internacionais, na base do meio a meio. Ou seja, o governo cede o terreno e a infra-estrutura e a operadora contrói e administra. O lucro é rachado.

Cuba é um exemplo mundial em educação e saúde, por exemplo. Gente de todos os quadrantes do mundo procura em hospitais cubanos tratamento para casos complexos. E a população local dispõe de atendimento permanente de primeira linha em postos, hospitais e mesmo em suas casas, com um eficiente serviço domiciliar.

No campo da educação, desde a primeira infância, os cuidados são integrais, com algumas diferenças que chamam a atenção. O ensino superior, por exemplo, não é voltado exclusivamente para a profissionalização. Seu foco é na formação do cidadão, que é incentivado a ter algum curso universitário, mesmo que ganhe a vida como pedreiro ou garçonete.

Desde criancinha, também, o cubano pratica esportes, atividade que faz parte da grade curricular das escolas, em todos os níveis. Caso tenha aptidão e quiser, a pessoa vira atleta. Isso explica o excelente desempenho daquele país em competições internacionais.
Formação de qualidade faz do cubano ou cubana profissionais cobiçados em qualquer parte do mundo. Surge, então, a questão da remuneração, o que acaba criando uma certa pendência de parte deles por algum emprego no exterior. É uma contradição que o governo resolveu encarar de frente agora.

A crise econômica, com a decorrente escassez de emprego, nos EUA e Europa por certo irá desincentivar a migração. De qualquer modo, em alguns casos ainda será feita uma peneira, para evitar o risco de evasão de cérebros, por exemplo.

É certo, contudo, que cientistas e atletas cubanos que participam de eventos internacionais sempre foram alvos de cantadas de times e entidades de outros países. Mas é igualmente verdadeiro que são raros os casos de cubanos que aceitaram tais convites, movidos pelo tilintar do vil metal.

Em resumo, Cuba uma vez mais dá boas notícias ao mundo.

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