O bagulho foi bagual tchê!

Salve maloqueros e maloqueras do Brasil, da Nação Hip-Hop Brasil, tão nova na nossa historia e já tão gloriosa.

Falo aqui do sul, do Rio Grande do Sul onde a Nação escreveu seu nome na historia gaúcha neste dia 28 de maio de 2006.  O barato foi tão loko que foi a parada mais certa e que deu mais certo na historia do movimento hip-hop aqui nos pampas, levando como proposta o debate de políticas publicas e onde o hip-hop esta nesta história toda de política, violência e construção de uma realidade mais justa e igualitária.
O lançamento estadual da Nação aqui no Rio Grande foi na Assembléia legislativa dos gaúchos. Foi um domingo histórico. Pela primeira vez aqui invadimos este espaço, onde infelizmente muitos representantes dos interesses da burguesia sentam todas as semanas e na maioria das vezes nós nem vemos estes caras aprovar projetos que pioram nossas vidas. Nem nos tocamos que somos nós que pagamos eles pra estarem ali, e que este espaço nos pertence. Invadimos e provamos que somos capazes de pensar, de construir uma nova realidade. Nós pretos , pobres,  favelados, trabalhadores somos capazes sim de governar. O hip-hop gaúcho sempre foi o segundo pólo deste movimento no pais, culturalmente, demoro mais é nóis. Ativistas, lideranças de mais de 20 cidades e quase todas regiões do estado estiveram no evento, declararam seu amor pela NAÇÃO, contribuíram com suas propostas para o debate que foi rico.
A abertura do evento começou com uma mesa cabulosa. Alemão de Caxias, militante, fundador da posse ASH2 e um dos construtores da Nação aqui; do lado dele  a Deputada Estadual comunista Jussara Cony, representando a casa, (Assembléia Legislativa); Valter Fernandes, militante, fundador da posse ARH2, no Vale dos Sinos é este que vos fala e Marcelo Buraco, que dispensa comentários o mano veio de São Paulo e contribuiu muito com sua intervenção.
Todos deputados foram convidados, mas comparecer não é pra qualquer um. Jussara Cony emocionou o plenário que estava com seus 600 lugares lotados e se emocionou lendo um poema que fez para os ativistas do movimento no RS. Ela comentou que não conhecia o hip-hop, e que todos deviam ter a oportunidade de ver de perto a máquina transformadora que esta cultura é.
É baita desnorteada se eu esquecer a presença do Brother Neni, apresentador de uma das rádios mais ouvidas do estado, a Metropolitana FM, onde quinta as noites ele apresenta um programa de rap nacional. Brother Neni é simplesmente uma figura histórica da black music. Após a mesa de abertura a Restinga Crew, da maior periferia gaúcha, tendo a frente o b.boy Juquinha, apavoraram , e a rapa do plenário se levantou e ninguém ficou parado.
A segunda mesa debateu políticas publicas, teve a frente White Jay, apresentador do programa de TV Hip-Hop Sul e MC do grupo CPI, um dos corre da Nação por aqui também.
Quem contribuiu muito foi a vereadora de Porto Alegre Manuela D´avila que representou o CEMJ entidade que nos apoiou no livro Hip-Hop a Lápis. As inscrições abriram e a rapa deu sua idéia, só idéia forte com mano Paraíba, Mauricio manas da Restinga.
Depois o DJ L Jay fez uma performance foda. E agente teve a mesa com as outras entidades nacionais organizadas no RS. Saroba, radialista na Restinga, um dos guerreiros gaúchos na luta das rádios comunitárias representou o MHHOB. Malú Vianna, sem palavras, mana guerreira e de luta representou a CUFA. Convidamos também a Zulunation que infelizmente não pode se fazer presente, mas tamu junto.
Após esta mesa aprovamos a “Carta da Nação Hip-Hop Brasil à sociedade gaucha” e aprovamos a direção estadual da Nação. O Mano Oxi do grupo DNA MCs, apresentador e editor do programa Hip-Hop Sul foi escolhido para a tarefa islâmica de presidir a Nação no RS.
No encerramento foi prestada uma homenagem ao rapper, produtor, guerrero Nitro Di, o cara que trouxe a premiação de melhor produtor independente no festival Hutúz para os pampas. Nitro afirmou que a homenagem fica guardada no coração. O premio é do hip-hop gaúcho e a Nação saúda este guerreiro, daquele jeito.
É importante lembrar a presença de grandes construtores do hip-hop gaúcho como o mano Rafael do hip-hop Sul, o kbeça do site Omegahiphop, da UJS e do presidente estadual da juventude do PT o mano Pedro. Além de muitos que a gente não lembra na gora, mas que não são menos importantes.
Pra fechar com chave de ouro o rapper Kdão e Criminosa Trindade abafo de forma pesada denunciando o sistema. Durante todo o evento estavam expostos trabalhos de graffite do mano Cuca e do TR que são bolsistas no CUCA da UFRGS e difundem o grafite dentro da academia. Todas as posses presentes, na guerreragem, Mundo Novo hip-hop, MH2L, ARH2, ASH2, MILITANTES DA SUL,  e  outras tão importantes que constroem Nação nas suas quebradas.
Fica um salve para os mais de 600 manos e manas, guerreros e guerreras de verdade, ao mano Ismail, aí Ismail  vagabundo, é nóis daquele jeito, a Nação agradece e tu sabe disso. Mano Du R, Malik que correram que nem loko, mana Iza, sem palavras. Todos irmãos de Campo Bom, São Leopoldo, Canoas, Caxias, Viamão, Alvorada, Passo Fundo, Esteio, Pelotas, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Cachoeirinha, Montenegro, Sapucaia, Taquara. Vocês são a Nação irmãos, muitos que não estavam lá, mas estão na luta todos os dias na mesma busca e construção da Nação.
O povo no poder…
Salve a união, salve os manos e as manas da Nação!

Valter é morador de Campo Bom no Rio Grande do Sul, estudante de pedagogia e ativista cultural.

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