O desafio de cada dia

Acabávamos de eleger o então governador Eduardo Braga (PMDB) e o PCdoB fazia parte dessa vitória. O convite foi feito e fiquei no comando da secretaria até abril do ano passado, quando, por força da lei, tive que retornar ao parlamento para concorrer a uma vaga na Câmara Federal.

A experiência à frente da Sepror me fez conhecer de perto a vida do povo do Amazonas. Tem gente espalhada em lugares sem acesso à educação, saúde, luz elétrica e comunicação. Aonde o vilarejo mais perto só é alcançável após horas de viagem de barco. Conheci pessoas
humildes e trabalhadoras que só queriam uma oportunidade de melhorar de vida. E no governo, nós tínhamos além da oportunidade, a obrigação de fazer por elas. Dona Sebastiana, trabalhadora rural da comunidade do Laranjal, em Manacapuru, um município vizinho de Manaus, é um desses exemplos.

Morava na comunidade com seu esposo, acometido de um câncer, e que precisava de tratamento periódico em Manaus. Numa dessas saídas até o hospital, teve uma surpresa na volta. Sua casa havia sido levada por um vendaval. Era tudo o que ela tinha. Me procurou pouco tempo depois na secretaria, me contou a história e foi ela quem recebeu a primeira
casa para trabalhadores rurais da Sepror. Entregamos 1 mil delas. Lembro até hoje da frase que ela usou quando recebeu a nova moradia. “Me sinto uma princesa”, disse.

Aquilo me comoveu pois no mesmo dia em que ela pediu a casa, ela confessou que não acreditava que fosse ganha-la, pois políticos não merecem confiança. E, em parte, ela está certa. Quantas vezes fora enganada por falsas promessas? Não sei dizer. O que sei é que preciso ajudar mais gente como Dona Sebastiana pelo Amazonas afora. E foi esse o motivo de ter aceitado retornar ao comando da Sepror, agora aceitando um convite do governador Omar Aziz (PMN). Ainda tenho muito pra fazer e hoje, esse voltou a ser o meu desafio: melhorar a vida de homens e mulheres do campo.