O desenvolvimento que queremos

Ao longo da história brasileira e mais particularmente no século passado, os períodos de crescimento econômico acelerado, apresentaram as seguintes características, concomitantemente, com os índices espetaculares:

1) Crescimento com concentração de renda, ou seja, “a economia ia bem e o povo ia mal”; isso quer dizer também que os salários e as qualificações despencavam, em contradição com a produtividade, os lucros, e a riqueza de uma minoria;


 


2) Crescimento com inchaço dos grandes conglomerados urbanos e desorganização das cidades, para onde afluíam milhões de brasileiros migrantes que fugiam da brutalidade da exploração latifundiária, e se amontoavam nas favelas e cortiços; campeava impunemente a especulação urbana;


 


3) Crescimento com agressões continuadas ao meio ambiente, no campo e na cidade; a poluição urbana. O desmatamento, os métodos agressivos e predatórios de ação econômica configuravam, na esteira do progresso para alguns, a devastação de quase todo o resto;


 


4) Ditadura, governo autoritário, ou atropelos contínuos às conquistas democráticas.


 


 


Atualmente, pela primeira vez, estamos podendo ter, apesar das dificuldades e deficiências, um desenvolvimento econômico continuado, acelerado e sustentado que deve se combinar com quatro características:


 


 


a) Desenvolvimento com distribuição de renda, ganhos reais de salário, e qualificação dos trabalhadores;


 


b) Desenvolvimento com a reorganização da malha urbana, ainda que este desafio seja mais posto que enfrentado com êxito. Hoje, já se percebe a necessidade de “reforma urbana” que freie a especulação e a desorganização, fuja das soluções mirabolantes e cosméticas, e procure reordenar o espaço urbano, de modo inteligente, para uma vida boa dos cidadãos;


 


c) Desenvolvimento com respeito ao meio ambiente, às condições de trabalho, e à sustentabilidade. Há políticas capazes de atrair apoio para derrotar os ainda muito poderosos “manejadores de moto serras” e os matadores de freiras e trabalhadores;
d) Desenvolvimento em pleno ambiente democrático, sem planos salvadores e carismáticos, nem violações nas regras constitucionais.


 


 


É o que queremos.

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