O filme Lúa vermella

Talvez oitenta por cento do filme “Lúa vermella” pudessem ser apresentados não como cinema, mas como obra plástica

Filme "Lúa Vermella" I Foto: Divulgação

O filme feito pelo cineasta galego Lois Patiño é falado na língua dessa região e não em espanhol. Assim, sem dúvida, a obra ganha logo de início uma grande autenticidade, pois através do idioma é a melhor dimensão para se penetrar na cultura de um povo. É bom lembrar que, quando o cinema era em celuloide, muito dificilmente um filme chegaria assim falado em galego. Seria logo dublado em inglês, e perderia assim cinquenta por cento da sua dimensão artística. Lois Patiño é um cineasta jovem, tem trinta e oito anos de idade, mas já tem uma boa produção cinematográfica. Seus outros filmes possuem títulos semelhantes a este pela temática, como “Costa da morte”, “Noite sem distância” e “Montaña en sombra”.

A estória de “Lúa vermella” envolve a população de uma pequena vila da região galega, onde três mulheres pretendem encontrar um marinheiro chamado Rubio, que morreu no mar (e o ator que representa o personagem se chama Rubio de Carmelle). Esse arremedo de estória se desenvolve e ocupa toda a dimensão visual do filme, que dura apenas 1 hora e 24 minutos. Grande espaço visual é ocupado pela natureza que circunda a vila. As montanhas totalmente verdes. Trechos de mar. Espaços ocupados por construções.

Talvez oitenta por cento do filme “Lúa vermella” pudessem ser apresentados não como cinema, mas como obra plástica. Não apenas visualmente, mas como um móbile. A estória poderá ser dita por quem não veja o assunto como dramático, inusitado ou mesmo pueril. Entretanto, o que realmente dá expressão cinematográfica é a continuidade visual e até mesmo as próprias expressões que se aproveitam dos personagens.

Em inglês, o filme ganhou o título de “Red Moon Tide”. É uma produção lançada em 2020 e participou de vários festivais.

Olinda, 29. 09. 21

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor