O pós-coronavírus e a emergência de outra forma de sociedade

A crise atual está desnudando as colossais fragilidades do capitalismo e as enormes desigualdades e falhas que engendra.

Em nossas casas, cumprindo com o isolamento social, entre as muitas angústias e medos comuns, certamente nos pegamos pensando sobre o que vem pela frente depois que a pandemia arrefecer. Como será o mundo, o nosso país, a nossa cidade, quando tudo isso passar? Será possível retomar a rotina? Viveremos como antes? Quantos de nós terão partido? Com quantos traumas pessoais e coletivos vamos ter de lidar?

No caso do Brasil, temos dois desafios enormes pela frente: superar o coronavírus e a destruição de nosso país e de nosso povo encabeçada pelo atual governo. Não é pouca coisa. Nunca tivemos de buscar saídas para questões ao mesmo tempo tão urgentes e tão complexas. Mas, em meio a tantas dúvidas e receios, alguns apontamentos para o futuro parecem estar se delineando.

A crise atual está desnudando as colossais fragilidades do capitalismo e as enormes desigualdades e falhas que engendra. Para nós, que defendemos outro tipo de sistema, isso não é novidade. Mas, talvez isso seja novo ou mais explícito para muita gente pelo mundo. E dentro desse cenário, tem ficado cada vez mais patente a importância do Estado — e não do mercado — como verdadeiro indutor de políticas voltadas para a saúde, a ciência e a tecnologia, a assistência social, entre muitos outros aspectos fundamentais para a vida humana. Portanto, um dos pontos aos quais precisaremos estar atentos é a disputa pelo setor público e sua valorização.

Se tem uma coisa que o coronavírus está evidenciando é que sem um sistema público de saúde universal, robusto, bem equipado e com recursos humanos em quantidade e qualidade suficientes, não é possível enfrentar pandemias e epidemias que, ao que tudo indica, poderão ser mais frequentes em nossas vidas daqui para a frente. Ao mesmo tempo, o investimento em ciência e tecnologia é fundamental tanto para colocar o Brasil em outro patamar de desenvolvimento socioeconômico e soberania como, também, para dar ao país o suporte necessário para pesquisas relacionadas à saúde, à prevenção e à cura de doenças e reduzir a dependência internacional. Também está claro que sem os mecanismos públicos não é possível superar as desigualdades históricas e assistir aos mais vulneráveis.

Por tudo isso, precisamos refletir, neste momento, sobre o futuro que nos espera e sobre o que queremos para o nosso país, para nossas cidades. É preciso ter clareza e lutar por outra forma de organização social, mais solidária e humana, com um Estado forte e voltado para as necessidades reais do povo, aspectos cada vez mais centrais em nossas vidas. Trata-se de uma questão civilizatória. E agora, mais do que nunca, também de sobrevivência.

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