O processo de formação sindical na Central dos Trabalhadores do Brasil

Há três meses reencontrei-me com um dirigente sindical que conheci nos anos 80, época de grande mobilizãção do sindicalismo brasileiro, e perguntou-me o que eu estava fazendo e eu disse que hoje minha atividade principal referia-se à formação política e s

 


 


Ele imediatamente demonstrou uma certa descrença nesse trabalho dizendo: ''Petta, você continua batendo na mesma tecla de que iremos mudar o mundo? Você ainda não percebeu que as pessoas não têm interesse em grandes análises, pois hoje predomina o pragmatismo?” Eu procurei explicar que era importante que os sindicalistas, além da prática, também se dedicassem ao estudo e que fizessem cursos, participassem de debates, de seminários. Meu interlocutor disse que ele não precisava disso, em função da participação de quase 30 anos no movimento sindical. Admitiu que talvez o processo de formação fosse adequado para atingir os mais jovens, os que estão iniciando a participação nas entidades sindicais. Com calma disse a ele que o processo de formação deve ser contínuo e que deve atingir a todos, independentemente da idade, do tempo de participação no movimento sindical, do nível de conhecimento adquirido.


 


 


 


Convênio CTB e CES


 


 


É com esse entendimento – de que todos os dirigentes sindicais precisam estudar, compreender com maior profundidade a realidade em que atuam, aprofundar seus conhecimentos sobre os mais diversos temas da realidade social, política e econômica – que a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB e o Centro de Estudos Sindicais – CES, firmaram recentemente um convênio que prevê a realização de várias atividades de formação política e sindical. O convênio terá a duração de um ano e pretende atingir mais de 1500 sindicalistas em todo o Brasil e será implementado pela Secretaria de Formação e Cultura da CTB dirigida por Celina Areas que também é diretora do Sinpro Minas e da Contee e pelo CES dirigido pela diretora do Sindicato dos Farmacêuticos de São Paulo, Gilda Almeida.


 


 


Cursos centralizado e descentralizados


 


Haverá um curso centralizado a ser realizado no início de 2009, destinado aos dirigentes nacionais da CTB e das Confederações que tratará dos temas concepção de Estado e relação com o movimento sindical, transformações no mundo do trabalho, direito do trabalho e projeto nacional de desenvolvimento. Haverá cursos descentralizados destinados a dirigentes sindicais de federações e sindicatos que serão realizados entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, em várias capitais dos Estados, tendo como temário concepções sindicais, origem dos sindicatos e história do movimento sindical brasileiro, transformações no mundo do trabalho e análise de conjuntura: como fazer. No período de 19 a 23 de janeiro de 2009, o curso a ser ministrado será de formação de formadores, que reunirá pessoas que tenham domínio do conteúdo e capacidade de comunicação para que chegando nos seus respectivos estados, tenham condições de organizar cursos de formação. Já em abril de 2009, o curso será de formação de coordenadores de planejamento estratégico e situacional – PES. Esses Coordenadores deverão conduzir seminários de PES em entidades sindicais que requisitarem, sobretudo nos seus respectivos estados de origem. Haverá também um seminário sobre políticas públicas e espaços institucionais.


 


 


Formação dos sindicalistas rurais


 


 


Há hoje um número significativo de entidades de trabalhadores rurais filiadas à CTB. Nesse sentido, o convênio CTB e CES prevê a realização de uma reunião com dirigentes dessas entidades para discutir o processo de formação dos sindicalistas rurais. Não se trata de realizar cursos com conteúdos específicos para trabalhadores rurais, mas sim discutir como as questões que afligem os trabalhadores rurais devem ser consideradas nos cursos. Urbanos e rurais são trabalhadores que, dentro de suas especificidades , enfrentam os graves problemas decorrentes do sistema capitalista. São explorados, com condições de trabalho precárias, precisam sempre se organizar e mobilizar para garantir direitos e para caminhar no sentido da transformação da injusta sociedade que vivemos.


 


 


Oficinas e outras atividades


 



Outras atividades de formação, incluindo oficinas, seminários, assessorias e outros cursos, desde que requisitados pelas entidades filiadas à CTB, poderão ser ministradas. Entre as oficinas incluem-se Saúde do Trabalhador, Formação Política e Sindical, Gestão Sindical, Trabalho e Cinema, Importância da Oratória para os Dirigentes Sindicais, Meio Ambiente, Negociação Coletiva, Questão de Gênero, Questão Racial , Juventude Trabalhadora. No que se refere aos seminários, os temas são: Relação entre Sindicato, Partido e Estado; Socialismo; Projeto Nacional de Desenvolvimento. Cursos como o Nacional de Formação de Lideranças Sindicais e Sindicalismo, Mundo do trabalho, Sociedade Brasileira, Economia brasileira e Política no Brasil poderão ser desenvolvidos. Em relação à assessoria há a que se destina às entidades filiadas para que organizem seus departamentos ou comissões de formação e a que se destina à realização do planejamento estratégico e situacional pelas entidades.


 


 



Esperamos que haja um grande envolvimento das entidades filiadas à CTB para que este convênio seja bem sucedido, ou seja, que os sindicalistas aprofundem seus conhecimentos sobre a realidade, se capacitem a estabelecer continuamente a relação entre a prática e a teoria. Se isso ocorrer com um número significativo de sindicalistas, o convênio terá atingido seus principais objetivos.

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