O regresso amargo

Na verdade meu interesse pelo filme “O Regresso” se deu, também, porque imaginei ter relação com uma película lançada em 1978, denominada “Coming Home”. Um belo drama dirigido por Hal Ashby, estrelado pela espetacular Jane Fonda e o não menos Jon Voight (pra quem não conhece, o pai da Angelina Joly). Achei, portanto que se tratava de algum “remake” desta obra que ganhou três estatuetas. Melhor ator, melhor atriz e melhor roteiro original.

E a outra razão que me fez começar por este filme, foi a curiosidade de assistir o ator Leonardo DiCaprio em mais uma tentativa de se sagrar ganhador da cobiçada estatueta. Este bom ator nascido em Hoollywood no ano de 1974, já estar por merecer o prêmio, desde sua fantástica interpretação em “Diamantes de Sangue” e tantos outros dirigidos por gênios como Martim Scorcese.

Mas “O Regresso” que tem, nada mais, nada menos que doze indicações ao Oscar, deve abocanhar pelo menos a metade, é fraco e não tem nada a ver com seu homônimo. Feito, ao que parece, sob medida para corrigir uma injustiça e seguir uma lógica que a ‘Academia” preserva: dar a estatueta ao personagem que sofre mais ou tem alguma doença incurável.

São quase três horas de projeção e de sofrimento, muito sofrimento. Índios assassinos, tempestades de neves, cachoeiras, pedras pontiagudas,frio, muito frio. As cenas do Urso e do pulo do penhasco de sessenta metros em cima de um cavalo são de tirar o fôlego. Dirigido pelo desconhecido (ao menos por mim) mexicano Alejandro González Iñárritu, o filme exagera na inverossímilidade.

Mas, Dicaprio, cumpre com competência o seu papel. Vai além dos gritos, babas e caras de dor. Empresta carisma e realismo ao “Hugh Glass”. Guia de uma expedição que caça animais para venda de peles no norte dos Estados Unidos, em 1823. Glass é atacado pelo Urso e deixado na floresta pelos próprios companheiros. Daí em diante começa a saga. “Hugh” se arrasta por quilômetros em vegetação congelada e o telespectador vai junto.

Se ganhará o Oscar não sei. Mas que o personagem de Leonardo DiCaprio sofre para danar, ah sofre.