O trono das flores

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Trono parece ser coisa de realeza, de rei e rainha. Uma cadeira alta, cara, para poucas pessoas e usada só em momentos especiais.  Parece que para ser rei e rainha tem que ter trono, se for qualquer outra cadeira não serve. Se toda cadeira fosse trono? Será que todos seríamos a realeza?

Cadeira é cadeira e trono é trono, só tem uma coisa em comum: serve é para sentar.  Quero saber mesmo é porque trono não é cadeira e cadeira não é trono, fico até confuso. Acho mesmo que tudo é cadeira. É como chapéu, tem de todo preço e serve para mesma coisa, cobrir a cabeça.    

Tenho escutado também que em cada casa sem reinado tem um trono, às vezes mais de um, são quase sempre iguais, são como grãos de areias, muito parecidos.

Se trono de rei e de rainha é para aparecer, o trono nosso de cada dia se guarda num quarto, onde sentamos e ficamos sozinhos, esperando alguma coisa.  Não deixa de ser um momento especial, apesar de tantas coisas ruins; mas, o que seria das nossas casas sem nossos tronos?

Nossas cadeiras de porcelanas, nossos tronos, não duram a vida toda, são trocadas.

De vez em quando encontramos tronos jogados no caminho.

Mariquinha, pele cheia de dobras, cabelo multicolor, só para dizer que tem cabelos brancos, mãos que tateiam a terra e o tempo, cata os tronos jogados no caminho. 

Cada trono ganha uma nova casa, sem porta e sem janela, sem teto e sem dono: a rua.  Mariquinha, vai colocando lado a lado, cada cadeira de porcelana e elas vão ganhando vida e cores e a rua vai se tornando um jardim, onde as flores têm tronos.

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