Ocidental
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Publicado 26/08/2009 20:15
Pelo jeito vai morrer
Me disseram
Há uma semana que ficou amarela
E a barriga inchou muito e terminalmente
Também os animais de circo
De sua alma rebelaram-se
Se foram festejando em sambas
A liberdade
O trapezista ainda cambalhoteia
O ar
Tentando dar
Sentido
Ao estendido da lona
Precária em farrapos
Não há palmas e é assim
O fim
De todos nós
Disseram-me tudo isso mas não fui vê-la morrer
Ela tinha sido minha mãe
Louca, meretriz e decididamente mão
Ei li seus versos e li seus passos e avessos
Mas virei o rosto e quis ver a paisagem
Indiferente
Que continuava o mundo
Indiferente
Sem ela
Há coisa de uma semana ela amarela
Como jornais e aqueles volumes do capital
Eu me despojei de máscaras desertei
Não quero chorar
Embora lágrimas haja em anos mil
Pelo jeito vai morrer. Mas me recuso a sentir algo por isso