“Os Dois Hemisférios de Lucca”

Lucca nasceu em meio a severas dificuldades no trabalho de parto de Bárbara e a insuficiência de oxigênio deixou-o com o grave problema de Paralisia Cerebral. Sua mãe (interpretada pela atriz Bárbara Mori) toma a firme resolução de tudo fazer para melhorar a condição de vida do filho e o filme descreve a trajetória de persistência dela, indo do México até para quase o outro lado do mundo, na Índia, em busca de tratamento. Este aflitivo, porém, instigante drama se baseia no livro autobiográfico de Bárbara Anderson, sendo dirigido pela cineasta Mariana Chenillo, indo às telas com o título de “Os dois hemisférios de Lucca”.

A trama começa no México, onde Bárbara encontra um empresário que sofrera grave acidente, e que havia melhorado com a terapia aplicada por um médico na Índia, o dr. Rajah Kumar, um tipo de tratamento que talvez pudesse servir para casos como o de Lucca (Julián Tello). Ela se agarra nessa esperança e, ao lado do marido Andrés (Juan Pablo Medina), juntam suas economias, hipotecam o apartamento, afastam-se do trabalho e encaram uma árdua jornada de mais de vinte horas de avião em direção a Bangalore, cidade do sul da Índia. Levam junto o irmão mais novo de Lucca. A viagem não poderia ser tranquila, mas a obstinação de Bárbara transforma momentos de tensão em perspectiva e esperança.

O Dr. Kumar inventou o Cytotron, um aparelho que estimularia as células nervosas a desenvolverem mais as suas interconexões, embora o neurologista no México tenha alertado que os danos causados no cérebro do menino, como sobre a postura, a audição, a visão, mesmo a falta de resposta aos estímulos, entre outros sinais da doença, não poderiam ser revertidos.

Já na chegada ao hospital, observa-se a simplicidade do estabelecimento, que atrai a curiosidade da família ao verem a imagem de uma vaca, sacralizada naquele país, na frente da clínica.

A recepção pelo Dr. Kumar (Danish Husain) é surpreendentemente generosa despertando na família um sentimento de alívio e de confiança. O médico, um humanista, criou o tratamento com o Cytotron, uma abordagem que aplica ondas eletromagnéticas, trata doenças crônicas, com efeitos colaterais mínimos. O Cytotron foi inicialmente desenvolvido para tratamentos contra o câncer desde 1987 e começou sua utilização comercial em 2006 como ferramenta para engenharia tecidual. “Desde seu primeiro tratamento com o Cytotron em 2017, Lucca já passou por mais três sessões desse tratamento inovador e vive sem epilepsia há cinco anos. Ele deu seus primeiros passos e aprendeu a falar novamente”.(https://l1nq.com/5O6EJ).

Bárbara, uma mulher solidária, percebendo os efeitos positivos no tratamento do filho, busca difundi-lo para outras pessoas com os mesmos problemas. No entanto, é impedida por interesses escusos e acaba por descobrir a ação de um intermediário, que tenta dificultar as possibilidades de o tratamento ser estendido para muitas crianças também acometidas de paralisia cerebral.

Entre memórias e reflexões, Bárbara ainda sofre com um sentimento de culpa, por achar que não se esforçou o quanto deveria durante o parto de Lucca, difícil e prolongado, o que teria sido a causa da sequela de Paralisia Cerebral do bebê. Por outro lado, sua obstinada e incansável atitude de, a qualquer custo, buscar melhorias para a qualidade de vida do filho nos faz pensar também, metaforicamente, que em certo sentido ela, Bárbara, foi o segundo hemisfério de Lucca, a buscar de forma intensa a conexão dele com o mundo a seu redor.

O filme, disponível no serviço de streaming da NetFlix, é surpreendentemente bonito, envolvente, inspirador e informativo. Trata de uma temática fundamental de saúde e dos direitos da pessoa com deficiência, de humanidade, de doação, de persistência e de superação. Confira o trailer abaixo.

Ficha Técnica:
Título: Os dois hemisférios de Lucca (Los dos hemisferios de Lucca)
Ano produção: 2025
Direção: Mariana Chenillo
Roteiro: Javier Peñalosa, Mariana Chenillo
Elenco: Bárbara Mori, Juan Pablo Medina, Julián Tello
Gênero: Drama