Os movimentos sociais e o desenvolvimento da nação

Um dos grandes legados da “Era Lula”, entre tantos que podem ser destacados, foi o retorno do debate acerca do desenvolvimento nacional. Nunca se debateu tanto sobre esse assunto desde a redemocratização. Mesmo a grande mídia, que buscou incessantemente desconstituir esse governo, teve que participar desse debate, claro que foi com uma visão dependente – traço característico de parte de nossa elite nacional.

Então o debate foi posto e claro que o rumo desse debate está em disputa. A eleição de Dilma foi só uma parte desse processo, uma parte importante sem dúvida, mas, para que os desdobramentos dessa conquista sejam favoráveis ao nosso povo, há que se ter uma intervenção consciente dos movimentos sociais e de todos que tenham interesse no avanço social. Por isso, devemos construir caminhos que possibilitem que a direção do processo político que está em curso fique sob a orientação dos setores mais avançados.

Qual o papel deve ser reservado para o Estado no desenvolvimento da nação? Que tipo de desenvolvimento deve ser edificado? Qual o papel dos trabalhadores e quais são seus aliados nesse processo? As respostas a todos esses temas precisão, necessariamente, ser fruto de uma construção coletiva, devem ser construídas junto com a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras. Para tanto, algumas tarefas são fundamentais para o rumo desse debate e os movimentos sociais devêm estar preparados para dar conta dos desafios que estão por vir.

Primeiro, é necessário que se amplie o número de trabalhadores sindicalizados e militantes sociais. As Centrais Sindicais e os demais Movimentos Sociais devem se fortalecer, organizando o máximo de trabalhadores e trabalhadoras em suas fileiras, pois o índice de sindicalizados e militantes de movimentos organizados ainda é muito baixo para as exigências atuais.

Segundo, deve-se buscar um intenso processo de formação política desses sindicalizados e militantes, pois nos marcos da atual disputa só com a ação consciente dos trabalhadores e trabalhadoras conseguiremos avanços reais. Não cabe mais uma visão elitista dentro dos movimentos sociais. Um grupo pequeno de “bons” dirigentes não será capaz de superar os desafios que estão postos. É preciso construir um amplo movimento de mobilização nacional entorno de um projeto de desenvolvimento para a nação. Tal projeto deve ter como objetivo superar os entraves que não permitem ao Brasil um salto rumo a uma sociedade mais democrática e inclusiva, um projeto que transforme o Brasil em um País capaz de garantir igualdade de oportunidade e a universalização dos direitos básicos para todos os setores historicamente excluídos.

Terceiro, os movimentos sociais devem ter bem presente o que está em disputa nesse processo. Ampliar o leque de alianças na busca do desenvolvimento da nação é fundamental. Assim teremos força real para derrotar os setores mais nocivos ao país, notadamente os setores vinculados ao imperialismo, ao latifúndio e ao setor especulativo, possibilitando, assim, a construção de uma grande frente política que tenha por objetivo o desenvolvimento e o fortalecimento da Nação.

Devemos divulgar amplamente a resolução política da Conclat e o Projeto Nacional e Popular dos Movimentos sociais. O debate acerca do rumo de nosso País deve ser realizado por um grande número de trabalhadores e trabalhadoras. Fazendo com que eles se apropriem desse tema tão importante para aqueles que desejam construir uma sociedade verdadeiramente igualitária. Só com um grande movimento de massas teremos força para intervir de forma efetiva nos rumos da Nação.

A disputa será longa e se apresentará de diversas formas, exigindo um grande nível de consciência política dos lutadores sociais. Assim, para que consigamos construir um país democrático e inclusivo termos que ter um grande número de homens e mulheres com capacidade de intervenção política para além das questões imediatas sabendo discernir entre o que é tático e o que é estratégico e cumpre aos movimentos sociais esse papel.

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