Oscar Negro
Após tanta polêmica sobre a ausência de negros nos filmes escolhidos para receberem o Oscar, finalmente chegou o grande dia.
Publicado 01/03/2016 10:47
Precedido por boicotes, protestos e indignação da comunidade negra norte-americana, o que se viu na festa do último domingo transmitida para milhões de pessoas ao redor do planeta foi exatamente o contrário: a ausência de negros acabou trazendo mais visibilidade ao tema do que se algum negro ou negra fosse indicado ou até mesmo premiado na festa, demonstrando que a exclusão racial no século da comunicação rápida das redes sociais é o pior caminho para qualquer indústria, inclusive a cinematográfica.
Entre os fatos que me chamaram atenção na festa, além humor, da ironia, o sarcasmo do apresentador negro Chris Rock, que conduziu maravilhosamente o evento, foi a presença negra na premiação. Fosse na apresentação de alguns premiados, na direção musical do evento e também na plateia, o ponto alto da festa foi, sem dúvidas, o discurso da presidente da Academia responsável pelo Oscar (ironicamente uma mulher negra) ao reconhecer que uma indústria global como a cinematográfica tem que ter a cara da diversidade deste planeta.
No Brasil, como sempre, continuamos agindo como se não tivéssemos nada a ver com isso, nossos apresentadores continuam sendo brancos e os comentaristas também, sendo capazes até de cinicamente se solidarizar com os afro-americanos.
Em outro momento importante do evento, houve uma homenagem prestada aos profissionais do cinema que já partiram dessa para uma melhor. Nesta hora, o comentarista e crítico de cinema Rubens Ewald Filho muito bem lembrou que eles poderiam ter citado a grande atriz, Marília Pêra. Com certeza! E acrescentaria também o nome de Antônio Pompêo, ator e diretor negro que trabalhou no cinema, teatro, televisão e, acima de tudo, um grande batalhador por aquilo que foi a síntese da noite do Oscar deste ano: a inclusão de negro em todos os espaços.