PGR defende abertura de ação penal contra Eduardo Cunha

Durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (2), que julga denúncia contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a abertura de ação penal contra o parlamentar. Para ele, Cunha usou o cargo para receber US$ 5 milhões em propina.

Rodrigo Janot Procurador-geral da República

Ainda segundo Janot, Cunha recebeu US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda do estaleiro Samsung Heavy Industries, em 2006 e 2007. O negócio teria sido feito sem licitação e com a intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.

“Esse caso lembra e deve nos remeter a uma leitura atenta do julgamento de Sócrates, em especial do mito de Hermes. Zeus, preocupado com o ocaso da raça humana, encaminha o seu representante Hermes com dois atributos especiais para que houvesse êxito na prática licita da política para organizar a sociedade. Esses predicados eram respeito ao direito alheio e à Justiça e capacidade de se envergonhar. O caso remete a leitura atenta do mito de Hermes”, disse Janot.

Janot salientou ainda que a denúncia contra Cunha está baseada em “farta prova”. "Quero reafirmar que denúncia não se assenta exclusivamente nos depoimentos das colaborações premiadas realizadas, mas em farta prova que delas resultou", enfatizou.

O procurador mencionou registros de telefonemas, estacionamentos e estadia em salas onde Cunha teria se encontrado com Camargo, ex-consultor da Samsung, para cobrar propina. Nas reuniões, segundo Janot, ele era acompanhado do lobista Fernando Baiano, que representava interesses do PMDB na Petrobras.