Palmerston encarnado

Há pessoas que acreditam em vidas passadas; eu, por enquanto, reconheço encarnações futuras.

Passei os dias de Carnaval relendo alguns textos políticos de Karl Marx escritos nos anos 1850 para diversos jornais e revistas, norte-americanos, ingleses e alemães. Era uma época difícil, depois das derrotas das revoluções de 1848 Marx, em Londres, tentava sobreviver (com a ajuda de seu amigo Engels) ganhando algumas libras com essas colaborações. Ainda que escritas no correr dos acontecimentos o gênio de Marx se revela a todo o instante. Vejam como ele, em 1853, descrevia seu contemporâneo Lord Palmerston (político inglês proeminente desde 1808, conservador, depois liberal e quase sempre encarregado da política externa da Inglaterra vitoriana) e percebam como suas palavras se ajustam profeticamente a um ex-presidente brasileiro. “Se, como homem de Estado, não está à altura de todas as tarefas, como ator tem estofo para desempenhar qualquer papel. Não é um grande orador mas é um polemista acabado. Quando não domina um assunto sabe, ao menos, fingir. E quando lhe faltam ideias gerais tem, pelo menos, a habilidade permanente de tudo expor com elegantes platitudes.
Procura a aparência do sucesso, mais que o próprio sucesso. Quando não pode fazer nada, inventa, pelo menos, alguma coisa. Quando não pode intervir diretamente quer, pelo menos, fazer o papel de intermediário. Se é incapaz de enfrentar um inimigo poderoso, procura um inimigo fraco. Tem necessidade de complicações para não ficar desocupado e se não as encontra já preparadas ele as cria articialmente”.

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