Política de partido e política de coalizão
Equilíbrio entre autonomia partidária e coesão na coalizão é essencial para o sucesso do governo Lula e a construção de uma frente sólida rumo a 2026.
Publicado 24/04/2025 12:28 | Editado 24/04/2025 15:19

Pode parecer contraditório, mas autonomia e independência rimam com unidade e coesão nas relações entre partidos políticos coligados.
Porém na prática não é simples.
Não são poucos os exemplos de partidos que, em certas circunstâncias, se deixam diluir no conjunto formado pela coalizão de que participam, ou até adotam, em certa medida, submissão em relação ao partido hegemônico. E se dá mal. Perde a iniciativa, deixa de contribuir de modo mais eficaz com suas próprias análises e opiniões.
De outra parte, registre-se à exaustão, Brasil agora, casos em que o partido hegemônico tenta erroneamente impor suas posições aos demais, sem a indispensável ausculta e participação de todos. Confunde hegemonia com hegemonismo e mete os pés pelas mãos.
A boa prática recomenda o equilíbrio.
Se há decisões importantes e estratégicas que um partido deva tomar, e que impliquem consenso e mobilização da vontade coletiva, serão sempre uma temeridade tomá-las à revelação do sentimento e das expectativas dos aliados. Ao invés de estimular a unidade, leva ao risco de desagregação.
A hegemonia se exerce na amplitude e na pluralidade. Olhar apenas para o próprio umbigo é o caminho mais fácil para o auto isolamento.
Mais: quem quer unir em torno de si há que fazer o dever de casa e se apresentar unido. Muitos casos de insucesso de frentes amplas e inicialmente poderosas têm tudo a ver com esforço interno incontornável no partido momentaneamente hegemônico. Campanhas majoritárias corroídas pela ameaça permanente de desagregação fraticida alcançam a vitória.
O comentário é oportuno porque a frente ampla democrática que governa sob a liderança de Lula e do PT tem hoje duas tarefas incontornáveis: alcançar o sucesso do governo e construir as condições para a vitória no pleito de 2026.
Em termos semelhantes, coalizões democráticas e novos desafios também ocorreram no âmbito estadual.
Todos devem dialogar entre si, respeitando obviamente os especialistas, os interesses e a autonomia e a independência de cada um. Levando em conta as diferenças de compreensão da conjuntura e partindo do pressuposto de que toda pretensão é em princípio legítimo – desde que pactuada no interior da coalizão partidária.