Prazeres da Gula
Exploração gastronômica em São Paulo revela uma semana de sabores variados e encontros memoráveis.
Publicado 06/10/2023 10:07

São Paulo também é gastronomia. Comer bem, do mais simples boteco ao sofisticado restaurante, faz bem a alma. Após uma semana de meditações e estudos védicos, filosofia milenar indiana, a escolha foi acertada. Passamos uma semana na capital paulista. E olhem que nos concentramos apenas na região próxima á Avenida Paulista.
Sexta feira à noite é agitada. Chegar a cidade e escolher um bom local para comer passa por reserva. Um aniversário e não havíamos feito nenhuma. Vamos ao mais próximo, popular, comemorarar. Um bar japonês.
Izakaya é o estilo. Bar de tapas, tira-gostos. Muitas opções, cardápio variado. Em mesas ou em tatames, clientes acomodados. Guiosa, pastelzinho de porco chinês cozido com uma leve fritura final, a abertura dos trabalhos. Cervejas bem geladas ou saquês, sempre acompanham bem. Croquetes, sashimi com arroz, frango frito, petiscos que seguem à mesa. Mais cerveja, mais saquê. Noite maravilhosa com direito a um bolinho de sobremesa.
Vietnamitas se tratam bem. Um restaurante simples, de comida esplendorosa. Rolinho vegetariano em folha de arroz, a entrada obrigatória. Frango ao curry ensopado, levemente picante, ou macarrão quente no molho com uma cobertura de legumes frios, é esplêndido. Na sobremesa, um arroz doce inigualável.
Um hotel de alto luxo inaugurado. Aonde era a antiga maternidade Matarazzo. Um complexo alimentício, com cinco opções. Optamos por um bar de “tapas” sul-americano sob a orientação de um chef famoso que tem programas televisivos. Minha companheira não bebe álcool, optou por um mojito sem ele. Fui à caipirinha de tangerina. A melhor que já provei. Cachaça na medida, o fruto macerado, gengibre para apimentar a boca, e um defumado muito suave para aguçar as papilas gustativas. Os acompanhamentos perfeitos. Um ceviche muito bem temperado, acompanhado por bejú e tacos mexicanos. Um escabeche de conchas marinhas, ostras, mariscos, vieiras, entre outras, com o mesmo beju divino. A lua nos abençoava em noite de céu aberto.
Um chinês tradicional. A comida farta e bem servida. Os pratos para quatro. Amigos nos acompanham. Carne com brócolis e arroz colorido. Guiosas fritas e yakisoba. Sobrou para mais uma refeição. Ainda bem que a cerveja gelada ajudou a passar do ponto de corte em que o razoável se impõe à gula.
Pizzaria tem em todo local. Mas, em São Paulo, é especial. Fomos a duas. Um espaço, maravilhoso, com árvores e decoração lindíssima. Outra bem tradicional. Massas finas com bordas grossas, recheios especiais. O calor era grande, ao invés de vinho, chope, muitos chopes.
Adoro botecos. Lugar de ver gente e falar sem muito compromisso. Uma esquina bem movimentada. Com personagens da cidade, um aloprado que pensa que todos são surdos, uma moça estilosa com um chapéu Panamá amarelo. A tábua de frios, a bebida rolando, as conversas se animando. O Brasil e o Mundo tiveram todas as soluções para seus problemas, pena que minha memória é fraca e não me lembro delas.
Um restaurante francês. Há mais de 90 anos funciona. Uma decoração impecável, lustres de cristais, sofás bem amplos. Na entrada, um bar de madeira tradicional. Esperando colocam “nuts” e pipocas para degustar. Passando á mesa, o jantar impecável. Vinho rose para acompanhar. Minhas opções foram para uma sopa fria de nome esquisito de entrada, e um linguado com ervas na manteiga. Na mesa lagostas, camarões, tornedós. Ao lado um suflê lindíssimo. Como era comemoração, ao final, um bolo de nozes delicioso, com o açúcar bem dosado. Cafés e chás para encerrar.
Um mercado que não conhecia. Santo Mercado, no bairro de Santo Amaro. Boas delicatesses, uma praça de alimentação enorme. Bolinhos de bacalhau e pasteis deliciosos. Café com pão de queijo, obrigatório. Muito movimento, gente bonita que o freqüenta. O Metrô perto me permitiu chegar e sair sem atropelos.
Um restaurante árabe nas cercanias de onde fico. Um self services bastante acessível e bem surtido. Quase sessenta pratos da cozinha tradicional do Oriente Médio. As pastinhas divinas, os charutinhos imperdíveis, o arroz com lentilha, os quibes em suas diferentes versões, os kaftas, as saladas. Os doces bem melados. Bebidas acompanham bem do arak à cerveja gelada.
Última noite, um grande amigo. Num bar tipo carioca fomos nos encontrar. O chope é gelado com a dose certa de espuma. O caldinho de feijão hiper bem temperado. O torresmo crocante e apetitoso. Comidinhas várias como opções. Uma segunda feira e as mesas cheias. Pena que o barulho dos freqüentadores seja quase ensurdecedor, o que dificulta a comunicação. Reencontrar o companheiro era o mais importante.
Uma semana dessas, impossível manter a forma. Um mês de exercícios me espera.