Qual a saída para um país dividido?

Existe no Brasil um movimento de polarização política e social extremamente perigoso e confuso, principalmente, a partir de 2013.

Nosso o país se tornou um verdadeiro inferno para quem preza pelo diálogo. Uma tourada sangrenta. Uma cena dantesca.

Nas ruas, nos bares, nos grupos de whatsapp e até nas relações familiares e íntimas, a racionalidade é frágil e, qualquer palavra pode produzir reações antes inimagináveis em pessoas de nosso convívio.

A política – base da vida social – se transformou em um embrião binário que caminha para a intolerância, onde a mentira é a arma contra o argumento e as opiniões se transformaram em postulados, em leis.

E essa escalada onírica/real nos levou, e tende a nos levar ainda mais, ao ódio ao outro, à violência física, ao braço duro do Estado e aos homicídios políticos.

Nossa democracia, tão valiosa, caminha pela curva de sublimação do diagrama de fases do momento histórico. e os riscos são enormes.

Pergunto então ao leitor: onde erramos?

Por que nos dividimos tanto?

Será que foi o ódio de classe (sim), ou a guerra entre o obscuro e a ciência (sim), a religião e o culto ao estado laico (sim), nosso racismo e patriarcado culturais (sim) e nossa sociedade de castas e oligarquias disfarçada de democracia (sim)?

Mas se isso sempre existiu, o que então nos unia há pouco mais de uma década?

Simples: a economia.

De 2006 a 2012 experimentamos um período de pleno desenvolvimento econômico e social, protagonizado sim (e ninguém foi capaz de negar isso de forma a me convencer) pelo então presidente Lula e sua sucessora, Dilma.

A forma de governar do Lula era olhar para a capacidade do mercado interno, para o consumo e usar isso para gerar emprego, inserir o pobre na economia e melhor a vida média das pessoas.

E Lula saiu do governo com quase 90% de aprovação.

No meio desse percentual, tinha de tudo: rico, pobre, bolsominion, facista, neonazi, esquerdopata, lulista, lgbt, feministas, conservadores, empresários, sem terra, crente, ateu, eu, certamente você e quem mais quiser colocar na lista.

A gente era unido pela economia boa.

E não porque as pessoas não fossem esses diabos propagadores de ódio que nos tornamos ou militantes das boas causas.

Mas com a economia indo bem, tínhamos mais tempo e saúde mental para pensar em outras questões, porque experimentávamos uma perspectiva de emprego, renda, direitos sociais e estabilidade política.

O cidadão comum quer viver sua vida e tentar ser feliz, ver o futebol, dançar na rua, comer, ter tempo para a família, consumir. cada um fazendo suas escolhas e deixando o governo governar.

Agora, quando a economia vai mal, a gente não pode planejar nada, teme a escassez e perde a civilidade. o outro passa a ser o inimigo, em geral o diferente de nós. e o pior do que há dentro da gente pode vir à tona.

(e aí alguém vai me perguntar “e as redes sociais? e as fakenews?” e responderei “nada vencerá o dinheiro no bolso das pessoas e a possibilidade de planejar a vida”. posso estar errado, mas tenho a intuição que não estou).

O novo pacto social brasileiro deve ter um olhar econômico acima de tudo.

Se o país gerar empregos, renda e tranquilidade à vida das pessoas, vamos conseguir recuperar os 90% de coesão social que tínhamos e isolar os 10% de malucos, hoje à frente do país, justamente porque prometeram salvar a economia e, obviamente, mentiram.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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