Querem libertar Posada Carriles

“Quando um povo enérgico e viril chora, a injustiça treme”.


(Fidel Castro Ruz, em ato de solidariedade às vítimas do atentado ao avião cubano explodido por Posada Carriles em 1976).


 


 

Querem libertar o assassino Luis Posada Carriles. Os meios de comunicação do Império, ao qual a grande imprensa brasileira é sucursal, se omitem vergonhosamente.


 


Enquanto isso, seguem na pretensa cruzada contra o terrorismo, abonando todos os ataques contra os chamados “países párias”. Toda agressão é justificada contra os povos e nações que estão contra o método de “combate ao terrorismo” dos Estados Unidos. Em última instância, são os países listados como pertencentes ao “eixo do mal” ou mesmo aqueles que mantêm relações com esse eixo, os próprios responsáveis por um possível massacre imposto aos seus respectivos povos pela potência militar estadunidense. Quando o assunto é combate ao terrorismo, toda ação norte americana é legitimada pelos editoriais do Império e vendida como um remédio amargo, porém necessário, para fortalecer a democracia em todo o mundo.


 


Contraditório seria se essa mesma imprensa burguesa denunciasse o centro de excelência na formação de terroristas que historicamente vem sendo os EUA, capaz de graduar os maiores especialistas em desestabilização e golpes contra governos democráticos, atentados a bombas, explosões de navios e aviões, assassinatos de líderes políticos e presidentes, massacres a minorias étnicas, torturas, disseminação de armas químicas e biológicas e tantas outras matérias do crime organizado. Essa escola do crime, sediada na Casa Branca, sempre contou com o beneplácito dessa mídia que nada mais é que sua porta voz e ferramenta de legitimação do terrorismo de Estado do imperialismo em todo mundo. Exemplo recente disso é a tentativa de libertar da prisão o terrorista confesso Luis Clemente Faustino Posada Carriles.


 


Nascido em Cuba e naturalizado venezuelano, ele figura na bizarra lista dos principais terroristas mundiais. Já no início da revolução cubana se une aos contra-revolucionários e se asila na embaixada da Argentina, saindo do país em 1961. A partir daí é recrutado pela CIA, sendo membro da Brigada 256 (a mesma que desembarcou na Baía dos Porcos), e adquire conhecimentos em técnica militar, tática de espionagem e sabotagens, além de cursos para “missões especiais”, manejo de explosivos e armas de fogo, e treinamento de demolições. Sempre foi um bom e dedicado aluno. No livro “Os anos de Casa Branca”, o ex-presidente Eisenhover reconhece que ordenou o treinamento de exilados cubanos. Nas palavras do próprio Posada em 1998, declarou ao New York Times: “A CIA nos ensinou tudo. Nos ensinou sobre explosivos, assassinatos, bombas, sabotagens. Quando os cubanos trabalhavam para a CIA eram chamados de patriotas”.


 


Em 1963 se integra ao Exército dos Estados Unidos recebendo treinamento militar em Fort Benning e se dedica a compra e venda de armas e explosivos. Com todas essas habilidades é enviado a organizar os órgãos repressivos na Venezuela e logo após é vinculado aos planos de assassinato a funcionários cubanos no Chile e também no fracassado atentado contra o presidente Fidel Castro durante sua visita ao país em 1971. Também participou de diversas missões criminosas em vários países da América do Sul através da Operação Condor, preparando toda uma equipe de terroristas que enviou ao Chile durante o regime militar de Augusto Pinochet.


 


Um dos crimes mais conhecidos de Posada foi a explosão em pleno vôo de um avião da linha aérea Cubana em 1976 que resultou na morte de 73 pessoas, na maioria atletas e estudantes que vinham de Barbados. Preso após o atentado descobriu-se em seu escritório um mapa detalhado da cidade de Washington onde aparecia o trajeto diário que o diplomata chileno Orlando Letelier fazia para o seu trabalho antes de ser morto.


 


Posada finalmente consegue fugir da prisão de segurança máxima na Venezuela em 1985 depois de várias tentativas e sempre contando com apoios externos. Passa a viver preferencialmente em El Salvador sendo sempre visitado por seus amigos cubanos de Miami. Em 1986 participa de ações na América Central, notadamente na Nicarágua com os Contra (contra-revolucionários ao governo sandinista) com ajuda de mercenários norte-americanos, colaborando com a morte de milhares de pessoas.


 


Continua solto praticando seus delitos sempre com o apoio invisível dos EUA e suas filiais no continente até ser preso novamente em 2000, durante a celebração da Cúpula Íbero Americana de Chefes de Estado no Panamá, após planejar mais um atentado com explosivos contra Fidel nesse mesmo evento. Depois de quatros anos na cadeia e ser condenado a apenas oito anos de reclusão, a misericordiosa presidenta panamenha lhe confere, diretamente e a pedido dos EUA, a absolvição de Posada por suas estripulias.


 


Mesmo assim segue condenado por seus crimes e desaparece até ser denunciado tentando ingressar ilegalmente nos Estados Unidos através de um iate saindo do México. Nessa ocasião, Fidel deu uma série de minuciosas informações ao governo mexicano do então presidente Vicente Fox e ao próprio governo Bush sobre a entrada do terrorista em solo americano, o que foi refutado por esses governos. Um ano e dois meses depois foram obrigados a reconhecer que Posada, de fato, entrara ilegalmente pelas costas da Flórida na embarcação pertencente à Máfia de Miami, saindo de Cancún no México. Fidel estava certo.


 


Enquanto dava guarida e proteção ao carniceiro em solo americano, mesmo com a denúncia detalhada da sua entrada ilegal em território americano, George W. Bush proclamava que “qualquer pessoa, organização ou governo que apóie, proteja ou ampare terroristas é cúmplice no assassinato de inocentes e igualmente culpado por delitos terroristas”. Ironia do destino?


 


A partir daí Posada novamente é preso sendo acusado formalmente por sete crimes (fraude ao processo de naturalização e seis por informações falsas durante entrevistas com oficiais da emigração dos EUA), nenhum deles por terrorismo. Todavia estava preso.


 


Como não poderia ser diferente, mais uma manobra em prol do terrorismo estava em gestação no ventre do país da “liberdade”. Depois de difundir a notícia que o terrorista não seria libertado através de pagamento de fiança, sorrateiramente a Corte Federal de El Paso, no Texas, decidiu no último dia 6, por meio da juíza Kathlen Cardone, pela liberação de Posada mediante uma fiança de 350 mil dólares, o que foi de pronto depositado. No mesmo dia, o advogado e representante da Venezuela que reivindica a extradição do terrorista para que seja julgado nesse país de onde fugiu em 1985, José Pertierra, afirmou melancolicamente à televisão cubana que a liberação de Posada é decidida pela Casa Branca e ponto final. Enquanto isso seguem presos e incomunicáveis desde 1998 nas cadeias dos Estados Unidos cinco antiterroristas cubanos, cumprindo pena máxima.


 


Mas a alegria dos algozes durou poucas horas e pelo menos até o dia de hoje Posada continua preso graças a uma moção de emergência apresentada pelo Departamento de Justiça. Assim,  teve que ser levado de volta a Novo México, vestindo seu uniforme carcerário.


 


Não se trata, todavia, de um luta meramente jurídica ou diplomática. As organizações, movimentos, partidos e instituições democráticas e pacifistas de todo o mundo devem entrar em campo para jogar pesado contra o terrorismo de Estado e denunciar todas as manipulações do Império que tem interesse em manter Posada Carriles calado.


 


As organizações estudantis latino-americanas representadas pela OCLAE denunciam as práticas terroristas apoiadas e financiadas pelos EUA, e em nome dos estudantes e demais vítimas assassinadas por esse terrorista exigem sua condenação a todos os crimes cometidos.


 


Os estudantes pedem paz e clamam por justiça. Continuaremos mobilizados contra a Universidade do Terror que tem endereço na Casa Branca e que cada vez mais aumenta o número de bolsa de estudos aos contra-revolucionários de todo o mundo com diploma reconhecido por todos os países alinhados à sua política belicista e com propaganda farta na grande imprensa.


 


O manifesto da OCLAE contra a liberdade de Posada já se encontra na página eletrônica da entidade (www.oclae.net) e todas as entidades estudantis do continente estão convocadas a fazerem o mesmo.



 
*Fidel Castro Ruz, em ato de solidariedade às vítimas do atentado ao avião cubano explodido por Posada Carriles em 1976.


 

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