Recordar é viver (ou morrer de raiva)

A internet está repleta de mensagens, documentos e dados diversos sobre os candidatos. A maioria muito elucidativa sobre quem é quem nessa peleja eleitoral.

Mas alguns fatos passam despercebidos. Os números não mentem, mas outros elementos são importantes virem à tona para o melhor entendimento da importância de se eleger Dilma e manter a continuidade da política iniciada por Lula.

O simples (nem tão simples assim) fato de o governo Lula/Dilma não ter assinado a Área de Livre Comércio (Alca) articulada ainda no governo FHC com os Estados Unidos, é fato merecedor de grande reconhecimento pelo povo brasileiro. Não fosse isso estaríamos em condições parecidas com o México. Isso sim seria um autêntico processo de “mexicanização” de nosso país. O Mercosul mostrou ser o melhor contraponto.

As greves gerais que pipocavam todos os anos por todo país, resultado do descontentamento generalizado dos trabalhadores, diminuíram sensivelmente no atual governo, fruto de uma melhoria nas condições de trabalho e na renda da classe operária.

A diversificação de nossa pauta comercial internacional, ampliando laços com países estratégicos como a Índia, Rússia, África do Sul e China, mostra a amplitude do governo Lula, que sem estremecer as relações com os EUA ou a Europa, conseguiu aumentar substancialmente nossas divisas e relações fraternas com os países de todo o mundo. No passado, quando os nossos vizinhos do norte davam um espirro, ficávamos gripados de tabela.

Os grandes conflitos e massacres (Carandiru, Corumbiara, Eldorado dos Carajás, Unaí) foram minimizados. É um governo mais sensível às demandas sociais e intervém para reduzir os grandes impasses sem a truculência dos exterminadores da direita mais raivosa.

A ciência nacional vive umas das fases mais esplendorosas. Recursos, apoio institucional e valorização da pesquisa fazem com que o país progrida no cenário internacional de produção científica. Antes, no governo FHC, a máxima era de que o país não necessitava investir em ciência nacional, pois poderia se comprar a tecnologia pronta de fora. O cúmulo do acabrunhamento do pensamento nacional.

Na década passada, nas grandes passeatas dos movimentos populares, a bandeira mais presente era a do Fora FMI. O atual governo pagou a dívida com o Fundo e deu um recado ao mundo de que não precisa seguir o receituário neoliberal.

A aproximação com o continente africano, com convênios e parcerias diversos, através de universidades e institutos de pesquisa como a Embrapa, revela o novo momento histórico que vivemos, de valorização de nossa matriz africana e solidariedade internacional. A temática racial ganhou força através de políticas inclusivas e elevação da auto-estima do nosso povo. Nas comemorações dos 500 anos do Brasil, só a elite participou.

A intervenção da mulher na sociedade, principalmente numa tradição política altamente machista (só uma mulher eleita deputada federal na Bahia, a comunista Alice Portugal, por exemplo), é alvo de grande celebração por todos e todas. Esse foi o governo que pautou os diversos temas feministas, implantando a Secretaria de Política de Mulheres. O ápice vai ser a eleição da primeira mulher presidente do Brasil.

No governo Lula a auto-estima do brasileiro elevou-se como nunca. O PSDB e a grande imprensa tentou ridicularizar a campanha “Sou Brasileiro e Não Desisto Nunca”. No governo FHC/Serra o “complexo de vira-lata” imperava.

Tantos outros exemplos podem ser resgatados. Todos eles, infelizmente, passaram batidos nestas eleições ou foram pouco explorados. Lamentável, pois todos têm grande carga simbólica e demonstram como o país se tornou mais justo, inclusivo e soberano.

Ao olhar para trás, vem o misto de alegria e indignação. Os avanços conquistados não podem ser ameaçados por um passado de preconceitos, exclusão, machismo e submissão.

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