Sangradamente

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O sangue escorria discretamente. Já não era a primeira vez. Numa relação quase que denominada de sangradamente.

Vez e outra, construía paredes de papeis para esbarrar o sangue, as vezes ele vinha timidamente, mas nem sempre.

Ficava com a roupa vermelha, da cor da bandeira dos comunistas, mas esse vermelho sangrado não era motivo para ser erguido.    

O sangue vinha como um soluço emocional. Não era desse sangue que vinha do atrito do corpo e do objeto, muito menos do anúncio da fertilidade. Era sangue derretido da pressa do pensamento e da inquietude da vontade.   

De tanto sangrar, substituiu as buchas de papel, que serviam de parede para estancar o sangue, por pacotes de absorventes, mas só ele, sabia que sangrava.

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