Solidariedade ao povo gaúcho, vítima das intempéries climáticas

A tragédia no Rio Grande do Sul evidencia a urgência de um padrão de desenvolvimento sustentável frente ao modo de produção capitalista predatório

Foto: Marinha do Brasil/RS

O modo de produção capitalista, essencialmente predatório, tem contribuído para que o mundo experimente, recorrentemente, extremos climáticos, cujas consequências são danosas para o clima, para a economia e, principalmente, para a vida das pessoas.

A tragédia que atualmente atinge o bravo povo gaúcho é um exemplo acabado dessa estupidez. Certamente haverá os que argumentem que tragédias ambientais são fenômenos meteorológicos mais ou menos regulares. É verdade. O que não é verdadeiro é exatamente a virulência e a frequência com que se repetem mundo afora, Brasil afora.

Mesmo nós, da Amazônia, que desenvolvemos ao longo dos séculos um modo próprio de conviver com as regulares subidas e descidas dos rios estamos sendo durante impactados com os rigores das cheias e das secas que se repetem num espaço de tempo cada vez menor.

Não há mais dúvidas de que o Clima está mudando. Pode-se até discutir qual é a causa preponderante, jamais que estamos caminhamos para um novo patamar climático. Os dados atuais de emissão de gases de efeito estufa (GEE) é da ordem de 59 giga toneladas de CO2 equivalente, sendo 34% das indústrias, 22% da agricultura e uso da terra, 16% dos edifícios, 15% dos transportes e 12% da energia. E essa poluição é fundamentalmente produzida pelos países ditos ricos.

Por que, apesar das evidências, há tanta resistência em se adotar um modo de produção sustentável?

Porque, no fundamental, predomina a concepção produtivista (predador), para quem o ambiente é um mero depósito de recursos naturais a serem dilapidados para a riqueza de alguns poucos. A resistência a essa estupidez geralmente é feita por outra concepção equivocada, o santuarismo, que advoga o bloqueio integral dos recursos naturais, o que permite que os predadores alardeiem a falácia de que “os ambientalistas se preocupam com as borboletas e não com os seres humanos”. É uma falsa polêmica, porque, a rigor, não há desenvolvimento sem sustentabilidade e tampouco sustentabilidade sem desenvolvimento, como recomenda a concepção sustentabilista. Não há contradição entre desenvolvimento e preservação.

Mas esse choque de concepções perdura ao longo dos tempos com a classe dominante de cada época sempre procurando transferir responsabilidades. Quando havia crise de produção de alimentos no mundo, Malthus sugeriu que se deveria proibir pobres de ter filhos para que os alimentos ficassem para a nobreza. Nos tempos atuais, quando está evidente que as tragédias ambientais decorrem do modo de produção capitalista, os países poluidores ao invés de reduzirem as suas emissões de GEE com mudança na matriz energética e com um parque fabril menos poluente, eles apresentam o escapismo do crédito de carbono, mecanismo pelo qual buscam terceirizar a responsabilidade de limpar o mundo aos países detentores de florestas tropicais, como o Brasil, enquanto eles continuam poluindo impunemente.

Para que se busque um padrão de desenvolvimento efetivamente sustentável é urgente a redução das assimetrias entre nações e dentro das nações; que se adote energias limpas e tecnologias sustentáveis, práticas ambientalmente sustentáveis, além de Paz e harmonia entre as nações do planeta Terra.

Nesse momento, portanto, aqui da Amazônia, expresso minha solidariedade ao povo gaúcho e, em especial, aos camaradas do PCdoB, simbolizados na figura da nossa querida Manoela D’ávila, jovem liderança do povo gaúcho, cuja marca é a capacidade de resistência e resiliência.

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