Tempos tristes

Quantos séculos são necessários para que uma liderança se torne um herói ou um mito, nacional ou internacional? Olhando a história, percebe-se que em poucos lugares do planeta nasceram figuras universais cujo tempo tratou de identificá-las como grandes personalidades porque fizeram a diferença e impactaram de forma exemplar a sua realidade e da humanidade.

O Brasil é pobre desses exemplos, afinal em quase quatro quintos de nossa existência, estivemos sob o vergonhoso e criminoso regime escravocrata. Os únicos “heróis” que as elites políticas e acadêmicas tentam nos impor deste nefasto período são os bandeirantes paulistas, assassinos e dizimadores de milhares de indígenas.

Posterior ao século 19, no qual qualquer nação sã se sentiria envergonhada de sua história, ultrapassamos o século 20, entre ditaduras, repressão, exclusão da população negra e do que sobrou dos indígenas, sem nenhum herói ou mito para nos orgulhar. Entramos no século 21 ainda nos envergonhando de um passado sem nenhuma grande contribuição histórica para a humanidade.

Porém, esse triste roteiro só começou a dar sinais de mudanças neste início de século 21, quando um cidadão retirante de uma das regiões mais pobres e esquecidas do Brasil, um operário cujo histórico de vida constava tristeza, perdas e fome, se tornou primeiro Presidente da República, oriundo destas condições, na história da humanidade, para orgulho do Brasil e de um mundo desacreditado que a tal democracia burguesa pudesse realizar o feito.

Ironicamente, o ex-faminto tiraria da extrema pobreza e miséria mais de 30 milhões de pessoas e, com apenas o primeiro grau de escolaridade, seria o presidente que mais construiria universidades públicas em seu país, democratizando-as para pobres e negros.

A simbologia que ele, o presidente Lula, carrega não só para Brasil, mas para o mundo, em um momento tão conturbado do país e da humanidade, carente da falta de lideranças, prestes a explodir entre miséria, guerras infindáveis, desavenças, intolerância religiosa e pouca sustentabilidade, precisa ser mais valorizada e respeitada como um grande patrimônio do Brasil.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor